O EFEITO BOLSA

Nenhuma campanha eleitoral anterior deu tanto destaque ao Programa Bolsa Família. Idealizada no final dos anos 80 pelo senador Eduardo Suplicy, acabou sendo implantada pelo governo Fernando Henrique Cardoso com vários nomes. Depois, no governo Lula foram abandonados alguns critérios de seleção e de fiscalização escancarando o programa, que ficou muito distorcido de seu objetivo inicial.

O Amazonas implantou o Bolsa Floresta com dinheiro internacional. Existe até uma certa justiça neste tipo de auxílio. Afinal, se a comunidade internacional quer impedir que o homem na floresta viva dos bens que ela oferece, deve pagar por isso.

A exemplo do que acontece no nordeste, o Amazonas também é vítima da distorção do programa que acaba substituindo o emprego. Pessoas fortes e bem nutridas, preferem depender do programa, deixando de buscar o trabalho. Como resultado vemos aqueles que gostariam de produzir privados de auxiliares uma vez que estes simplesmente não precisam trabalhar.

Se, por um lado, as bolsas melhoram o rendimento da família, por outro estimulam o ócio. Mas os efeitos colaterais não param por aí. Os programas sociais que ajudam os índios, fazem com que estes prefiram comprar frangos produzidos em Santa Catarina desaculturando seu hábitos alimentares. Em municípios do interior podemos ver índios comprando caixas de alimentos congelados além de farinha de mandioca, cuja origem começou nas aldeias indígenas.

A história nos ensina que os programas oficiais nunca são isentos de corrupção. Escândalos se multiplicam a cada vez que o governo posa de protetor dos pobres e desassistidos. Na década de 70 o governo incentivou a recuperação do solo para aumentar a produção agrícola patrocinando o adubo para tal. Os malandros “compravam” adubo em tal quantidade que dava para cobrir toda a área em mais de um metro de espessura. O seguro defeso, que paga um salário para os pescadores deixarem os peixes se reproduzir, atraiu “pescadores” que nem sabem da curvatura de um anzol. Com o Bolsa Família não é diferente.

Nenhum programa assistencial deveria ter caráter permanente. Que me desculpem os defensores disso tudo, mas nunca houve tanto desvirtuamento do trabalho produtivo. Estão sedimentando a idéia de que o governo produz riquezas. Eu tenho saudades do tempo em que o Cristóvão Buarque dizia: “Há uma grande diferença entre um pai que vai buscar o dinheiro da bolsa-escola, como compromisso de educar os filhos, e o pai que vai sacar o bolsa-família como uma esmola porque ele é pobre.” A primeira é libertadora, a segunda é a capitulação e o conformismo.

Luiz Lauschner – Escritor e empresário

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 15/11/2010
Reeditado em 16/11/2010
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