pintura/Carlos Novaes
                  A DESCONSTRUÇÃO POÉTICA NA PINTURA DE CARLOS NOVAES
                                    (releitura)


        Novaes é pintor e poeta inserido no contexto da arte paranaense e brasileira contemporâneas, trazendo uma bagagem poética de desconstrução signíca, espacial e temporal  na pintura.  Reciclando formas espaciais-temporais, com a experimentação pictórica, o mundo real lhe é fornecedor de sua matéria prima, a qual coleta desconstruindo-a e a rearticulando-a no plano bidimensional. Esse fazer-se de sua obra, já caracteriza por si a performance do próprio artista em relação à arte, para com a vida, vez que coloca-se numa relação direta, corporal, com a espacialidade e o tempo presente de sua matéria, reutilizando artefatos e produtos consumidos pela sociedade tecnológica, portadores de signos culturais e existenciais os quais são retalhados e amalgamados pela experiencialidade.
     Este é um procedimento que nos remete à historiografia e ao pensamento estético da arte na modernidade, quando em princípios do século XX, o Cubismo com Picasso multifacetou, decompôs espaço e forma, desmoronando trezentos anos de perspectiva renascentista, estilhaçando a mímese (cópia direta do real), abrindo flancos e interações e possibilitando a introdução de elementos do mundo real ao plano da tela. Marcel Duchamp, por sua vez, investe sobre essa abertura de forma radical e questiona a obra de arte e os espaços instituídos, inserindo no contexto oficial produtos manufaturados pela indústria, isto é, coloca nos espaços oficiais produtos industrializados como obras de arte, questionando os valores estéticos-culturais da arte. Arte e pensamento caminham juntos. Nieztsche derroga paradigmas tradicionais na filosofia, reabrindo proposições existenciais, advindas de fontes de reflexão como "O Mundo como Vontade e Representação" de Schopenhauer e anuncia a morte de deus, fazendo a apologia de um novo novo homem, tão dramaticamente utilizada por esquesmas políticos e ideológicos na Europa, durante a segunda grande guerra.
           A arte reflete essa desconstrução de espaço, tempo e pensamento humanos. Dessa maneira, diante do niilismo então ascendente e às correntes existenciais sartrianas, nunca no contexto da feitura, da confecção da obra em si, esteve tão presente de forma expressiva, na arte moderna e contemporânea, a presença do artista com a sua experimentação córporea, física, material. E nesse processo desconstrutivo da linguagem visual, signos, sinais são reabertos e experimentados na flexibilidade de alternâncias semióticas, desconstrutivas, em novos contextos que se suportam  e ganham respaldo pelas novas visões linguísticas/filosóficas de Wittgenstein, de Derrida.
                   O trabalho de Novaes é catalizador dessas alternâncias. Tem como suporte o próprio suporte do mundo, rearticula esse procedimento e embate o corpo pictórico com a apresentação da realidade através da representação signíca. Embebe suas telas com tintura  como em um procedimento alquímico, utiliza a colagem como plasma de signos  onde a emoção, a gestualidade, a destruição e a reconstrução da forma-pensamento busca no angustiante caminhamento com a realidade da consciência, uma identificação perdida, num processo onde as sensações amalgamam vida e arte.


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