Um novo olhar na formação dos guardi

É característica intrínseca da Cidadania a funcionalidade operacional da sociedade, de tal sorte que se conviva com as diferenças, administre-se os conflitos com razoável eficácia, mantendo sob controle a violência e a dignidade e promovendo o mínimo de harmonia no convívio das pessoas.

Quando observamos com olhar mais perspicaz a situação em que se encontra todo contingente que compõe a fatia responsável pela proteção da sociedade, não podemos deixar de pontuar certos aspectos fundamentais que permitem assegurar o êxito da mesma.

Sabemos que a policia seja civil ou militar, em toda sua composição, tem ainda uma formação precária e bem pouco suporte que os habilite a exercer com segurança e eficiência tão nobre função.

Na atual configuração social, onde a presença destes personagens se faz mais que necessária, há que se pensar na propositura de uma ação de apoio, de modo a torná-los fortalecidos e proativos.

Está mais que na hora de se dedicar a promover uma alteração na formação destes profissionais. Além de todo o conhecimento, técnicas e habilidades que precisam desenvolver dentro da área especifica de atuação de cada um, se faz necessária uma orientação comportamental dinâmica, moderna que atue com especificidade no espaço delimitado onde abrigamos nossos valores, crenças e idéias.

Não mais podemos imaginar que uma função tão vital como a dos guardiões da sociedade possa apresentar-se desfalcado neste tipo de formação.

Hoje, quando pensamos em Desenvolvimento de Pessoas estamos nos referindo a sua totalidade e isso abrange o universo do pensamento, oficina onde se produz a matriz de nosso comportamento.

Oferecer a eles atividades, workshops direcionados a trabalhar este universo torná-lo conhecido e possibilitá-los a fazer escolhas conscientes e não mais condicionadas é, no mínimo, oferecer a eles e principalmente a todos nós, a possibilidade de uma vida mais digna, qualitativamente mais aceitável e quantitativamente mais satisfatória.

Trabalhos como estes estão sendo desenvolvidos em empresas e se disseminando cada vez mais em diferentes setores, por conta dos resultados favoráveis para todos os envolvidos.

A área da saúde que, em tempos idos e em alguns segmentos, mostrava-se um tanto reticente para este tipo de ação, hoje vem sendo em larga escala adepta desta “política”, por entender que a qualidade de vida inicia-se dentro de cada indivíduo e celebra-se em sua totalidade, nas ações que permeiam a vida social.

Considerando-se o cenário atual da violência exacerbada, exposta da maneira mais cruel e ilógica, é mister que cuidemos de nossos guardiões, para que tenham preparo, condições favoráveis e suporte interior que lhes dê condições para lidar com essas idiossincrasias da sociedade.

Sabemos que primeiro mudamos nossas idéias, nossas crenças e modo de elaborarmos nossa razão, e depois, apenas depois, alteramos nosso comportamento.

Países que investiram em estudos mais profundos sobre o comportamento humano logo foram aplicando-se neste tipo de formação. Não se pode esperar mudar o formato da sociedade, introduzir-se novo modelo de dinâmica social, com pessoas que tenham o modo de pensar, sentir e, portanto agir, dentro do passado, mergulhadas em uma realidade que já não mais tem sustentação e nem condições de continuidade.

É hora de ousar, de tomarmos coragem e provocarmos uma mudança substancial em nosso modo de nos organizar socialmente.

Talvez a tão sonhada paz, o anseio por um tempo em que se possa novamente desfrutar dos prazeres mais singelos, como passear pelas ruas, sentar-se em praças, caminhar por veredas arborizadas e silenciosas, apreciar o por do sol na varanda de casa, possam ser conquistados de forma definitiva, para que retomemos o curso de nossa evolução de maneira condizente a nossa condição de ser pensante.

Fácil? Não! Impossível? Também não!

Parece-me o caminho mais seguro, viável e sábio.

Consolidaremos a verdadeira democracia, o exercício da liberdade e a ordem social, quando promovermos uma substancial mudança em nossa mente; quando nos apropriarmos de valores que escolheremos conscientemente e quando nos responsabilizarmos todos nós, pelo social em si como um todo, uma vez que somos nós, apenas nós que fazemos parte desta dama tão falada e pouco compreendida, que é a Sociedade.

Priscila de Loureiro Coelho

Consultora de Desenvolvimento de Pessoas

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 28/01/2005
Código do texto: T2672