Baile de Máscaras

Na repartição de trabalho, Toninho era chefe implacável, dono da sabedoria, não delegava aos seus subordinados qualquer tipo de escolha, fazia ele, questão de ser a autoridade absoluta nas tomadas de decisões. Nas reuniões com os amigos era o grande contador de histórias e acompanhado de bebidas alcoólicas, tornava-se um verdadeiro boêmio. Nos encontros familiares, era pessoa reservada e tímida, amante dos bons modos e da mais profunda sobriedade. No templo religioso era visto como homem bom e justo. No lar, quando não exercitava a intolerância, oscilava entre a mesmice dos programas de TV e a falta de dialogo com os filhos e a esposa.

É incrível como somos muitas pessoas numa só! Na verdade, para cada ocasião vestimos a máscara da conveniência, assim não somos nem uma coisa, nem outra, acabamos mesmo, sendo muitas pessoas em uma só. Tornamo-nos fantoches de nós mesmos e vemo-nos obrigados a aceitar algumas situações que nos desagradam. Situações que em nosso íntimo sempre repudiamos, mas que por força de nossa fantasiosa máscara, torna-se agradável.

No trabalho, somos ponderados. Na igreja, somos impecavelmente comedidos em nossas ações e mártires no quesito de bom exemplo e benevolência. No lar, somos na maioria das vezes, o verdadeiro sinônimo de intolerância. No lazer, o melhor dos companheiros e o mais fiel dos amigos. Não importa o lugar, sempre colocamos uma máscara e tentamos ser o que na verdade não somos. Transformamos nossas vidas em um baile de máscaras.

Para cada situação somos uma coisa diferente. Mas qual dessas máscaras é a verdadeira? Quem somos nós realmente? Com qual máscara seremos lembrados?

Na verdade, só somos nós mesmos dentro da nossa própria casa. Brincamos facilmente de ser outra pessoa, mas é dentro de nossos lares que mostramos quem realmente somos, que mostramos os dentes e as garras. É com o convívio íntimo que descobrimos máscaras e revelamos personalidades.

Assim, prevalece a velha máxima, “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”.

Sempre buscamos restituir integralmente nossas falhas, compensamos nossas faltas no lar, com nossa eficiente simpatia nas ruas, nas outras áreas da nossa sociedade. Buscamos em vão ser o que não somos, nos esforçamos para agradar os “estranhos” e sequer sorrimos para nossos pais.

Amigo leitor, nossas vidas realmente estão embaladas por um bailar, onde as máscaras se passam por trajes de gala. Contudo isso não nos qualifica absolutamente em nada, apenas nos transforma temporariamente em outras pessoas. Por isso, devemos sempre nos lembrar que a qualquer momento esse baile vai se findar e impreterivelmente nossas máscaras cairão, deixando à mostra quem realmente somos.

Pensemos nisso!

Reginaldo Cordoa, futuro Administrador de Empresas e Apaixonado pela Vida.

08/11/2006

Reginaldo Cordoa
Enviado por Reginaldo Cordoa em 08/11/2006
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