O perdão no filme “Jogos Mortais 3”

O perdão no filme “Jogos Mortais 3”

Adriano da Silva Ribeiro (*)

Neste texto pretendo fazer uma leitura sobre o filme “Jogos Mortais 3” a partir da fragilidade do ser humano.

É um filme de terror muito bem elaborado. As cenas fortes das pessoas ensangüentadas com tanta violência, para muitos espectadores, vieram para chocar e assustar.

A leitura que faço é diferente, já que há demonstração, sim, do quanto o ser humano é frágil, por natureza. Os jogos, psicológicos, colocam em evidência o sentido da expressão “perdão”. Nosso dicionário da língua portuguesa explica: “do Latim perdonare; verbo transitivo e intransitivo: conceder perdão a; absolver de culpa, ofensa ou dívida; remir; desculpar; poupar”.

Esse é um dos assuntos abordados em “Jogos Mortais 3”, filme dirigido por Darren Lynn Boursman (Jogos Mortais 2), que já levou aproximadamente 385 mil pessoas aos cinemas no Brasil.

É nesse sentido que ganha valor “Jogos Mortais”, pois o filme apresenta no longa-metragem, Jigsaw (Tobin Bell), o manipulador por trás dos cruéis e intricados jogos, some mais uma vez. Enquanto detetives tentam localiza-lo, a Dra. Lynn Denlon (Bahar Soomekh) nem imagina que será a mais nova peça do jogo. Numa noite, ela é seqüestrada após terminar seu turno no hospital e levada a um armazém abandonado onde encontra Jigsaw à beira da morte. Ela recebe ordens de mantê-lo vivo enquanto outras de suas vítimas completam o próprio jogo. Desta vez, Jigsaw ainda arranja um comparsa, Amanda (Shawnee Smith) que o ajudará a cumprir seus propósitos.

No filma, a cada escolha ou ato uma reviravolta, a cada reviravolta uma surpresa. O espectador vai ficando cada vez mais assustado e confuso, até chegar em um dos finais, a meu ver, mais inteligente já visto.

Em todas as cenas, permitiu-se escolher alimentar o ódio ou perdoar os fatos passados. A sua percepção, no que diz respeito a vida, acaba sendo alterada depois que se passa por isso. Se for alimentado o ódio, quando do confronto com imagens do passado, as pessoas morreriam.

É justamente por ainda acreditar que o ser humano é capaz de perdoar que Jigsaw (Tobin Bell) manipula os cruéis e intricados jogos, com a finalidade de entender como serão as atitudes das vítimas, diante de situação que poderiam levar a morte o outro.

Neste ponto, descobre-se a fragilidade da vítima, que evita perdoar, mesmo com tanto potencial dentro de si. O filme talvez, sem perceber, pretendeu afirmar que as saídas estão dentro do próprio ser humano. Nesse sentido, sempre defendeu Mahatma Gandhi: “os fracos não podem perdoar. O perdão é atributo dos fortes”.

As vítimas de Jigsaw (Tobin Bell), em cada sena, precisavam separar o erro que foi cometido daquilo que é maior naquela pessoa.

Para finalizar essa reflexão, lembro-me do que Dalai Lama ensina: “A felicidade genuína consiste nas qualidades espirituais de amor e compaixão, paciência, tolerância, capacidade de perdoar, humildade, e assim por diante. São elas que proporcionam felicidade tanto para nós quanto para os outros”.

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Adriano da Silva Ribeiro, escritor; Licenciado em Letras e suas Literaturas PUC Minas Betim; Especialista em Arte, Educação e Tecnologias Contemporâneas pela UNB.

Adriano Ribeiro
Enviado por Adriano Ribeiro em 20/11/2006
Código do texto: T296259