UM CARNAVAL QUE PASSOU


<><><>  Fazia tempos que eu não via uma amiga minha, companheira de tantos carnavais, quando brincávamos nos clubes, nos blocos de rua, fantasiadas, ano sim, ano não, de cigana ou camponesa russa (essa minha preferida fantasia,simples de saia de chitão, com blusa russa, bordada e mangas bufantes, e um cinturão de         veludo com cordões trançados sobre um aventalzinho também bordado com pontos pés-de-galinha, ou com rendas e fitas)   E lá ia eu com umas coleguinhas para acompanhar o bloco do bairro, isso no tempo em que se podia brincar na rua, sem perigo de balas perdidas, ou intrometidos vagabundos para nos aborrecer. <><>A
gente se divertia a valer, sambando, cantando. <> Várias vezes, acompanhávamos a bateria da  Escola de Samba da Mangueira, nossa preferida, tempo em que o samba era bem ritmado, samba nos pés, mesmo,  não essa marcha-samba, tipo um dois, feijão com arroz, marcha para soldados, pulado, corrido, por causa do horário oficial dos desfiles, com gente demais. <> Um rapaz, que tinha uma certa deficiência, gostava de organizar um bloco de crianças, todos os anos , ele saia à tardinha e já animava as ruas do bairro. Outro bloco de rapazes, já mais adultos, se vestiam de mulher ou de alunos de escola pública, uns com as pernas raspadas em listas, imitando meias , outros, de bebê com chupeta, tocavam assobios e cantavam uma musiquinha repetida sempre até enjoar...Faziam de propósito: ERA UMA VEZ UM BARQUINHO PEQUENINO...era uma vez um barquinho pequenino... era uma vez um barquinho pequenino,  que não saia, não saia do lugar....Levava uma, duas, três, quatro, cinco semanas, levava uma, duas, três,quatro,cinco semanas...levava uma, duas, três, quatro, cinco semanas...e não saía, não  saía do lugar... Mas como a história está ficando muito chata, mas como a historia está ficando muito chata, mas como a historia está ficando muito chata, eu vou contar, eu vou contar mais uma vez... Aí começava tudo de novo. Repetiam o tempo todo a mesma musiquinha.<><> A gente pegava o bonde, em grupos, e iamos até a cidade, aconpanhadas de nossas famílias ou algum parente e amigos e levávamos lança-perfumes da Rodo, que se usava muito nessa época. 
<><> E foi numa dessas vezes, em que pegamos o BATACLAN (bonde grande, novos, na época, ) fomos toda a família e alguns vizinhos dar uma volta pelos coretos de madureira ou cascadura, não me lembra bem... eu sentei-me no canto, do lado esquerdo do bonde, com grades pela metade. Levava uma lança perfume Rodo, das grandes, em uma das  mãos, foi quando um criolo fortudo, meteu a mão por cima da grade e agarrou a lança perfume na minha mão, mas, eu mais que depressa, puxei o objeto da cobiça, ele puxava também, aí, como eu ia perder mesmo a lança-perfume, rapidamente desenrosquei a tampinha e puxei com força, largando, em seguida, o que fez o cara estatelar-se no chão. Bem feito, levas  minha lança perfume, mas pouco vai usá-la seu troxa! = A familia toda, entretida com os blocos, nem viu, nem ouviu eu gritar com o sujeito.: Larga, larga!   <><><> Daí, esses assaltos já vêm de longe... Não vou dizer o ano... já vai longe!
Victoria Magna
Enviado por Victoria Magna em 04/12/2006
Reeditado em 04/12/2006
Código do texto: T309187