SOBRE A BÍBLIA

Wagner Herbet Alves Costa (1968-2006)

a) Afirma-se que Josefo e o Talmude negam a existência do profetismo depois de Ageu, Zacarias e Malaquias; logo, não se pode aceitar os livros deuterocanônicos como inspirados! É assim mesmo?

O Sr Paulo Sérgio Pedrosa, membro da Associação Cultural Montfort, bem responde a esse tipo de indagação: <<Se Flavio Josefo e o Talmude falam que "Depois dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo deixou Israel", e portanto não houveram mais textos inspirados, Nosso Senhor diz o seguinte a respeito de João Batista:"Mas, o que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo eu, e ainda mais que profeta...”"Porque todos os profetas e a lei, até João, profetizaram. (Mateus 11: 13).Ora, Nosso Senhor diz que existiram profetas até João Batista, e o Talmude diz que não. Com quem você fica então, com o que diz o próprio Jesus Cristo ou com o que diz o Talmude?>>[

http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20041006144607&lang=bra].

Além de nos alertar sobre as palavras pesadíssimas dirigidas contra o Cristo de Deus e a sua Mãe Santíssima, presentes no referido Talmude. (Demonstrando, assim, ser este escrito judaico contaminado por uma mentalidade sumamente anticristã). O <<Talmude diz a respeito de Jesus (Deus me perdoe a citação): "Jesus era um bastardo nascido de um adultério" (yabamoth 49b, p. 324); Maria era uma prostituta; Jesus (Balaam) era um homem mau" (Sanhedrin 106a &b, p. 725); "Jesus era um mágico e um tolo. Maria era uma adúltera" (Shabbath 104b, p. 504). A respeito da Virgem Maria, o Sanhedrin 106a. diz que a mãe de Jesus era uma prostituta: "Ela que era descendente de príncipes e governadores se prostituiu com carpinteiros". E ainda diz que Jesus está no inferno mergulhado em excrementos (Talmud Gittin 56b-57a).Então... você ainda aceita, depois disso, a autoridade do Talmude?>> [http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20041006144607&lang=bra].

Ele, desafiadoramente, questiona àqueles que se declaram partidários do princípio da Sola Scriptura: << Cite o trecho da Bíblia dizendo especificamente que depois da data tal, acabaram-se as revelações, as profecias e os oráculos de Deus...Ora, isto não consta da Bíblia.>> [http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20041006144607&lang=bra].

E ainda diz: <<Se os deuterocanônicos, aos quais os protestantes ousam chamar apócrifos... por que os setenta sábios judeus incluíram estes livros na Septuaginta? A Septuaginta não era tida pelos judeus como escritura hebraica? Ela não era uma versão inspirada da Bíblia?>> [http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20041006144607&lang=bra].

De fato, é dificílimo acreditar que – na incumbência de traduzir o Antigo Testamento – os setenta sábios judeus tivessem perdido tempo e esforço, a mais, traduzindo textos que não faziam parte da Divina Revelação! Se, justamente, a incumbência deles era de traduzirem os Livros Sagrados do Judaísmo. (Isso numa época em que escrever era muito mais trabalhoso do que hoje; bastante diferente de nós que usamos, por exemplo, máquinas de escrever eletrônicas e computadores.)

Lembro-lhes que a Septuaginta é anterior ao nascimento de Jesus Cristo!

b) Os Judeus haviam definido, em Jamnia, o cânone do Antigo Testamento sem os deuterocanônicos, não foi?

<<Ora, você se fia mais na opinião dos teólogos Judeus do século II do que na da Igreja. Que autoridade os judeus têm para definir o cânon, afinal? Claro que tinham autoridade para definir o cânon antes da Igreja, mas o auto-intitulado concílio de Jamnia só aconteceu no ano 90 DC. Até lá a Septuaginta era usada sem restrições, tanto que os Apóstolos a citavam. Tal "concílio" reunindo os rabinos judeus em Jamnia se reuniu justamente para proibir os livros do Novo Testamento que já circulavam nas comunidades Judaicas de então. Então o concílio de Jamnia resolveu por fim proibir os livros deuterocanônicos. >>[http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo= 20041006144607&lang=bra].

Jesus mesmo dissera que a perda da autoridade dos chefes judaicos ocorreria: “ “Por isso o Reino de Deus vos será tirado e confiado a um povo que produza seus frutos”... Os chefes dos sacerdotes e fariseus, ouvindo as suas parábolas, perceberam que se referia a eles. Procuravam prendê-lo, mas ficavam com medo das multidões” (Mt 21,43.45-46).

E é sabido, igualmente, que, pelo final do século I (época em que se deu o “concílio” de Jamnia), a Igreja, em número de fiéis, havia crescido grandemente; bem como a separação com o Judaísmo mais e mais se acentuava até o rompimento total: <<Mais tarde, os rabis acrescentaram às preces da sinagoga uma oração que condenava os judeus cristãos, que desde então não puderam participar do culto nas sinagogas>> [READER’S DIGEST, Depois de Jesus: o Triunfo do Cristianismo, 1a edição, Reader’s Digest Brasil Ltda, RJ, 1999, p. 75]. Por conseguinte, muitos que analisarem os fatos históricos, certamente vislumbrarão o forte componente de oposição ao Cristianismo que movera aquela reunião do ano 90 d.C.

Como esses elementos todos, por que se achará impossível que os chefes religiosos do Judaísmo, daquele tempo, não teriam se colocado a combater aquilo que muito contribuía para propagação da Boa Nova de Cristo (que era a Septuaginta, o texto completo do Antigo Testamento utilizado pelos católicos)?... Bem, aproveito para acrescentar um comentário que encontrei num livro de Daniel Lifschtz: <<Foi através da tradução dos Setenta que a Bíblia passou às mãos dos gentios e, ainda hoje, alguns judeus ortodoxos jejuam em luto porque a tradução contribuiu de maneira especial para a difusão do Evangelho>> [LIFSCHITZ, Daniel, Haja Luz: A Hagadá sobre Gênesis 1, Pia Sociedade das Filhas de São Paulo (Paulinas), SP, 1998, p. 121]... OU seja, luto para estes, mas alegria para a verdadeira Igreja de Cristo! Louvado seja Deus!

c) Mas não é mencionado livros deuterocanônicos no NT?

<<Tal argumento falha em provar a falta de inspiração dos deuterocanônicos ao constatarmos que os livros de Ester, Eclesiastes, Cânticos, Esdras e Neemias também não são citados no Novo Testamento. O fato do Novo Testamento não os citar não faz destes livros, que também estão na bíblia protestante, menos canônicos. Ainda, São Judas cita explicitamente o "Livro de Enoque" que é reconhecido universalmente como apócrifo (e que não faz parte de nenhuma Bíblia - Judas, 14 e no versículo 9 ele tira de outro apócrifo a "Assunção de Moisés". Isto basta para provar que a citação pelo Novo Testamento não dá provas de canonicidade dos livros.>> [http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20041006144607&lang=bra].

Ademais, indiretamente se verificam, sim, referências a textos deuterocanônicos. Como por exemplo, no Apocalipse; onde está escrito a seguinte passagem: “Vi então os sete Anjos que estão diante de Deus” (Ap 8,2) a qual faz, por clara semelhança, eco ao texto do Livro de Tobias: “Eu sou Rafael, um dos sete anjos que estão presentes e têm acesso junto à Glória do Senhor” (Tb 12,15).

E ainda mais porque: <<Cristo e os Evangelistas usaram largamente a Septuaginta em suas citações. Se a Septuaginta não fosse considerada inspirada os judeus teriam o melhor argumento para acusar Cristo: Ele usava uma versão não inspirada da Bíblia! Porém, não vemos sequer uma vez no Evangelho se levantar qualquer suspeita sobre as fontes de citação de Nosso Senhor>>.[http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20041006144607&lang=bra].

d) =Mas se vê que os deuterocanônicos têm um “nível moral” muito questionável, contendo, por exemplo, suicídio e violências e coisas que parecem truques mágicos (afora descrições de fatos mirabolantes)! Como pode?

<<E você ainda diz, usando de seus sofismas, que nos deuterocanônicos "temos suicídios, encantamentos, magia". Nos protocanônicos não existem descrição de tais coisas? As filhas de Lot engravidaram dele, depois de o embebedar (Gênesis, 19: 30-36). Saul consultou uma pitonisa (I Reis 28: . Como é que você pode criticar os deuterocanônicos que falam de suicídio, encantamentos e magias cometidos pela infidelidade dos judeus, sendo que toda a Bíblia contém inúmeros relatos a respeito?>> [http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20041006144607&lang=bra].

Que lição de moral há em Jacó, aliado a sua mãe, engabelar o pai Jacó a fim de alcançar dele a benção em lugar de seu irmão Esaú?... Não mentiu Sara, quando o Senhor questionou-a (cf. Gn 18,13ss.)?

Moisés que joga uma vara e a vara se transformar numa cobra, isso não parece com um truque mágico? [Tanto parece que os magos do Egito fizeram algo semelhante com suas varas, basta consultar a Bíblia!] Jesus que mistura sua saliva à terra e aplicá-a ao olho duma pessoa para que esta enxergue, não se assemelha com as famosas “simpatias” populares? Pessoas esfregarem panos em Paulo e conseguem, com tais tecidos, expulsar espíritos impuros e restaurar a saúde de enfermos nos vos parece também uma espécie de fetiche? ... Deve ser um afronte, então, acreditar que uma mula possa falar: e olhe que isso está registrado tanto no Antigo Testamento quanto no Novo (cf. Nm 22, 28-33; 2 Pd 2,15-16)!

Veja o que o mui reverenciado servo de Deus, Josué, fez com as populações que habitavam a Palestina: “Josué não retirou a mão que estendera com a lança até que tivesse dedicado ao anátema todos habitantes de Hai”(Jos 8,26). “A totalidade do que morreram naquele dia, tanto homens como mulheres, foi doze mil todos os habitantes de Hai” (Jos 8,25). “Josué voltou e tomou Hasor, cujo rei matou a espada...devido ao anátema. Não deixou nela nenhum sobrevivente,e Hasor foi queimada”(Jos 11,10s.). NADA DE VIOLÊNCIA, não é mesmo???... E Moisés, conhecido como “o mais humilde dos homens”, dá ordem que todos os mandianitas (sem exceção) fossem exterminados (cf. Ex 31,1ss).

Eh! Julgar as coisas pelas aparências tende a levar ao erro.

e) O verdadeiro motivo que levou Lutero negar a canonicidade dos <<deuterocanônicos foi porque eles contrariam diretamente o que os protestantes renegam (como a existência do purgatório, por exemplo). E Lutero ainda quis fazer o mesmo com a Carta de Tiago, que chamou de "carta de palha" (Erl. LXIII, 115), porque esta diz que "Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma" (Tiago 2: 17) contrariando o princípio de Sola Fide que ele defendia... A propósito, o livro do Apocalipse, tão querido dos protestantes pentecostais, foi dito por Lutero como não sendo "nem apostólico, nem profético" (Erl. LXIII, 169), portanto mais um candidato a ser excluído da Bíblia protestante>>[http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20041006144607&lang=bra].

<<Lutero acabou por excluir os Deuterocanônicos de sua bíblia porque sentiu-se encurralado por Eck, numa disputa em Leipzig, em 1519, que usou um texto de II Macabeus para provar a doutrina do purgatório. Lutero contestou então a canonicidade dos deuterocanônicos e os excluiu de sua Bíblia (...) E os protestantes continuam a sua sanha mutiladora da Sagrada Escritura, escolhendo, como hereges que são, ao seu bel prazer, o que lhes interessa e o que não lhes interessa nos livros sagrados.>>

[http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20041006144607&lang=bra].

Se não excluiu de imprimi-los (ao menos inicialmente), excluiu, sim, de os ter como divinamente inspirados. Esse é um dos feitos desabonadores realizados pelo diabólico Martinho Lutero. [De todo jeito, não adianta imprimir os deuterocanônicos, mesmo que o façam com letras de ouro, se se repele a sua inspiração divina. Esse tipo de exclusão não deixa de ser terrível!]

P.S.: Tudo que escrevi está sujeito à autoridade da Igreja Católica. A qual poderá corrigir, refutar, completar e tudo o mais que for necessário para preservar incólume o Sagrado Depósito da Fé.

Bibliografia

-A BÍBLIA DE JERUSALÉM, Editora Paulus, SP, 1996.

http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apologetica&artigo=20041006144607&lang=bra.

-LIFSCHITZ, Daniel, Haja Luz: A Hagadá sobre Gênesis 1, Pia Sociedade Filhas de São Paulo (Paulinas), SP, 1998.

-READER’S DIGEST, Depois de Jesus: o Triunfo do Cristianismo, 1a edição, Reader’s Digest Brasil Ltda, RJ, 1999.

Fiquem com Deus!