ESTA CONTA NÃO FECHA

O Brasil comemora o aumento da produção de veículos automotores. Com 307.200 veículos de quatro até mais de 20 rodas, há motivo para muita euforia. Nesse ritmo estima-se chegar próximo a quatro milhões de unidades até o final do ano. Nesse total estão incluídos automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Ainda não estamos falando de motocicletas que também esperam chegar a dois milhões de unidades no ano de 2011.

Embora o governo tente reduzir o prazo dos financiamentos, a venda vai muito bem, obrigado. Desse total de veículos produzidos, aproximadamente 20% são vendidos para outros países. Então, temos 250.000 veículos nacionais despejados em nossas ruas e estradas todos os meses. O espaço começa a ficar cada vez mais apertado. Mesmo assim, ainda temos de guardar vaga para outros 12.000 que são importados todos os meses.

A produção de veículos acelera e quer pôr em circulação toda sua frota. Os governos não conseguem acompanhar a infra-estrutura no mesmo ritmo. Embora as montadoras sejam responsáveis pelo maior volume de arrecadação de impostos federais e estaduais, o investimento em ruas e estradas fica muito abaixo do valor que os donos de veículos pagam em seus emplacamentos anuais.

O governo está refém dos impostos gerados pelos veículos. As cifras são incalculáveis e inimagináveis para um reles mortal porque vêm em efeito cascata. O volume de impostos embutidos no preço de um único carro popular ultrapassa os dez mil reais. Sem contar os custos do licenciamento para poder rodar pelas ruas. Contudo, os atrevidos que compram um carro têm muitas outras despesas que não incluíram no orçamento inicial. Existe o flanelinha, que se intitula “guardador” de carros, mas não passa de um mendigo com poder de coação. O vendedor de bugigangas que bate no vidro do carro, apontando para a própria boca dando a entender que precisa comer e, de certa forma, acusando você por ter um carro embora ele próprio talvez tenha o seu estacionado em algum lugar.

Ah, também existem os estacionamentos institucionais em Shoppings, aeroportos e nas áreas centrais de cidades que são pagos e que fazem com que você tenha que virar detetive para encontrar o guichê de pagamento, sem falar dos pedágios y otras cositas más.

Os veículos automotores surgiram no século XIX, reinaram absolutos no século seguinte, acelerando sempre e, atualmente, estão conquistando mais popularidade e servindo para todos os fins. A dinheirama oriunda da produção, comercialização e veiculação dos automóveis poderia muito bem ser utilizado para dar mais segurança em nossas estradas. A produção está na velocidade da fórmula um, enquanto a estrutura de rodovias e estradas continua no ritmo das charretes.

O avanço do automóvel não respeita barreiras e os governos poderiam investir muito mais em segurança nas rodovias, mesmo porque algum dinheiro seria poupado no tratamento e no enterro dos acidentados.

Luiz Lauschner – Escritor e Empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 15/08/2011
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