A fascinação

É comum às vezes, desejarmos muito uma coisa e quando conseguimos nos frustramos, pois não era absolutamente nada daquilo que imaginávamos ou então nos fartamos pelo contato excessivo e assim nos acostumamos com tal coisa a ponto de desprezá-la, em outras palavras, aquilo que para nós possuía um valor incalculável antes da sua obtenção, passa despercebidamente a não mais fazer parte dos nossos planos.

Assim funcionam as nossas vidas. Por vezes fazemos de tudo para estar do lado de alguém e quando menos esperamos descobrimos que não era exatamente isso que queríamos. Fascinados por aquela pessoa, sonhamos, desejamos, lutamos contra tudo e contra todos, afastamo-nos dos amigos e das velhas aventuras. Transformamos nossas vidas para agradar nosso companheiro ou companheira e no final das contas, nossas expectativas são definitivamente exoneradas.

Neste momento sempre fica uma pergunta: quando esperamos muito de alguém e esse alguém não é exatamente o que parece ser, quem é o culpado, quem idealizou e se enganou ao projetar a tal pessoa altos conceitos e adjetivos ou a outra pessoa que passou uma imagem errada do que realmente era?

Contudo, acredito que não haja um único culpado. Por que relacionamento é partilha. Pois somos felizes na proporção que fazemos o outro feliz, não há lógica em sentir-se realizado com a amargura alheia e quando nos fascinamos por alguém ficamos temporariamente cegos.

Não vivemos mais na metade do século XX, nessa época sim, casar por amor era uma atitude considerada radical. Os casamentos eram marcados pelos pais dos jovens. Ou seja, casamento era sinônimo de acordo, de negócio. Na verdade, desde os tempos dos faraós o casamento era usado apenas para selar um acordo, sendo uma instituição puramente inventada pelos homens, com o intuito de se aumentar os negócios ou garantir as seguranças das coisas.

Não podemos jamais abrir mão do amor, que é absolutamente diferente da fascinação. É ele quem realmente nos alimenta e nos ajuda nas ponderações, que nos alicerça e nos guia. Embora às vezes seja solitário ele é o nosso maior bem.

Por sua vez, quando estamos fascinados por alguém, perdemos o senso. Nos deixamos alimentar pela embriaguez do desejo, da volúpia. Acreditamos ter encontrado a felicidade, a alma gêmea. Mas quando a fantasia da fascinação se vai, vai também tudo aquilo que sonhamos e o que sobra são apenas as brigas e discussões, o que sobra é a sensação de que o amor acabou. Mas na verdade nunca ouve o amor.

O amor tudo pode e tudo faz. Não há limites para o amor.

Amigo leitor, lembre-se que a fascinação se esvai com a primeira brisa da ingratidão, enquanto que o amor suporta o mais terrível vendaval.

Reginaldo Cordoa

Administrador de Empresas e Apaixonado pela Vida.

18/12/2006

Reginaldo Cordoa
Enviado por Reginaldo Cordoa em 15/12/2006
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