ROBERTO JEFFERSON

SÉRIE FIGURAS DO BRASIL

"SE EU CAIR, CAI A REPÚBLICA": Ex deputado Roberto Jefferson

O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) ouvido na CPMI dos Correios, voltou a fazer denúncias sobre o esquema do “mensalão”. Em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, Jefferson afirmou que saía de empresas privadas e de estatais o dinheiro usado pelo PT para dar mesadas de R$30 mil a deputados da base aliada em troca de votos.

Segundo Jefferson, o dinheiro chegava a Brasília dentro de malas e sua distribuição, comandada pelo tesoureiro do PT Delúbio Soares, com a ajuda de “operadores” a exemplo do publicitário Marcos Valério e do líder do PP na Câmara, José Janene (PP-PR).

“Se você perguntar: ‘Tem prova? Fotografou? Gravou?. Não. Mas era conversa cotidiana na Câmara”, disse Jefferson à Folha de S. Paulo.

Jefferson disse ainda que o presidente Lula não tinha conhecimento sobre o “mensalão”. O deputado repetiu que a propina cessou depois que o presidente foi alertado por ele do esquema. No entanto, na nova entrevista, concedida por telefone à “Folha de S. Paulo”, Jefferson dispara contra os que ele chama de “cabeças” do PT. O deputado narrou reuniões em que o ex ministro José Dirceu, o presidente do PT, José Genoino, o tesoureiro, Delúbio Soares, o secretário-geral Silvio Pereira e o secretário de Comunicação, Marcelo Sereno, tratavam da distribuição de cargos numa sala “reservada ao Silvio Pereira” ao lado do gabinete de Dirceu no Palácio do Planalto. Jefferson repetiu todas as denúncias feitas por ele em depoimento no Conselho de Ética da Câmara e, posteriormente, na CPMI dos Correios; a certa altura chegou a dizer que não tem medo de sofrer um atentado: “Se fizerem alguma coisa comigo, cai a República”.

Dois dias após declarar na Comissão de ética da Câmara que o ministro José Dirceu tinha que sair do governo, Dirceu caiu. Em poucos dias apareceu a ex secretária Fernanda Karina Somaggio que trabalhou com Marcos Valério em Belo Horizonte e confirmou toda a maracutaia à Polícia Federal e, posteriormente, à CPMI dos Correios.

No dia 4 de julho o senador Antonio Carlos Magalhães asseverou da tribuna do Senado que o "presidente Lula sabia de tudo, talvez não na extensão que colocou todo o país perplexo". Jefferson disse na CPMI que quer uma acareação com José Dirceu e Delúbio. "Vou olhá-los nos olhos", garantiu.

O tempo passou e chegou o dia D para Roberto Jefferson. O dia da sua cassação. 14 de setembro de 2005.

O plenário da Câmara Federal cheio, ódios destilando entre os deputados acusados por Jefferson, discursos, acusações e aí Jefrerson coloca molho na pimenta: ´O presidente Lula é malandro e preguiçoso. Gosta muito de viajar, mas não gosta de governar; delega e delega mal. Também não entende o que lê...´ Duas horas depois o ex deputado teve seu mandato cassado por 313 votos contra 176, sendo 156 não, 14 abstenções, quatro brancos e dois nulos.

Encerra-se, portanto, a carreira política do homem que denunciou o maior esquema de corrupção montado no governo do Brasil, em todos os tempos.

A ninguém, em sã consciência passa a idéia de que Lula não sabia de nada. E se passa, pelo visto, acrescente que êle continua não sabendo de nada, até hoje...

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 14/07/2005
Reeditado em 21/09/2005
Código do texto: T34010
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