JÁ SOMOS UM PAÍS RICO?

O Brasil está marcando pontos no cenário internacional e desponta, novamente, como um país de oportunidades. Historicamente já foi muito importante por causa da produção de café, borracha, soja etc. Hoje, participa da produção industrial, além de ter um comércio cada vez mais especializado e uma rede de serviços crescente, embora com todos os problemas conhecidos por aqueles que a utilizam.

A fórmula alemã e japonesa do pós-guerra, nunca foi empregada aqui. O investimento maciço na formação de mão de obra, não é uma preocupação do governo brasileiro. O investimento no aprendizado dos jovens foi o grande responsável pelo reerguimento daqueles dois países devastados pela segunda grande guerra. Os jovens, saindo do ensino básico partiam para cursos profissionalizantes de vários anos para as mais diversas funções. Um técnico em concretagem levava quatro anos para se formar, um padeiro cinco, cabeleireiro três, soldador cinco e assim por diante. Só mais tarde, com emprego garantido, procurava um curso de nível superior.

Se traçarmos um paralelo entre a segurança dos prédios e das estradas lá e cá não precisamos de mais argumentos. A enorme distância que existe entre um engenheiro e um pedreiro faz com que estes não se entendam. O intermediário entre os dois não existe.

Para prejudicar ainda mais tudo isso, temos uma legislação trabalhista que garante muitos direitos e não exige obrigação da pessoa empregada. Cabe à empresa contratante checar a veracidade das aptidões apresentadas pelo candidato. Se contratar alguém que mentiu em seu currículo, o ônus dos prejuízos que este pseudo profissional possa causar, recaem sobre a empresa. A falta de aptidão não justifica a demissão mesmo quando ela foi garantida pelo trabalhador antes de ser admitido. Em outras palavras: a mentira em vez de ser motivo de punição, gera direitos.

Por conta dessa situação, empresários investem mais de um mês de salário todo o ano para treinamento de cada funcionário para oferecer aos seus clientes um serviço de qualidade e terem algum lucro. O que deveria ser um alinhamento de informações teve de se transformar em aula mesmo. Empresas investem alto na formação que deveria vir junto com a contratação e, mais tarde perdem esse profissional para a concorrência.

Hoje, o custo do trabalhador brasileiro está se aproximando cada vez mais do trabalhador americano e europeu, se forem considerados todos os penduricalhos que a nossa farta legislação concede como direito ao assalariado no Brasil.

Podemos festejar o faturamento do pólo industrial de Manaus ultrapassando os quarenta bilhões de dólares, mas nunca podemos esquecer que a maior parte das indústrias é construída sobre rodas e pode mudar de endereço a qualquer instante. Nenhuma delas se instalou por causa da qualidade da mão de obra local, mas por conta do custo dela e dos incentivos. Se o custo aumenta, a qualidade deve acompanhar.

Luiz Lauschner – Escritor e empresário

lauschneram@hotmail.com

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 08/03/2012
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