A Nova Guerra

O maior dos desastres é a guerra, a culminação de erros frutos do fanatismo, da ignorância e do materialismo. Os seres humanos vivem uma guerra sem-fim. De quando em quando, desenha-se outra muito grande, como nestes tristes momentos, no longínquo e conturbado Oriente.

A cegueira do entendimento leva o ser humano a voltar-se contra a sua espécie, a cometer os crimes mais abjetos, a destruir a infância, a juventude e a Natureza nos campos de batalha, em nome de suas inconfessáveis ânsias de poder e domínio.

Não se pode ficar indiferente ao sofrimento alheio e à barbárie; às crianças órfãs e aos lares dilacerados; às políticas desumanas, que jogam povos contra outros, para atender mesquinhos interesses; ao ódio disseminado nas mentes infantis pelos senhores das guerras, que as transformaram em veículos do terror gerado em outras pervertidas por séculos de rancor.

A longa história neste peregrinar sofrido de guerras e extermínios vem-nos demonstrar que precisamos cultivar a vontade por uma vida nova, para que a existência deixe de ser um inferno, um vale de sofrimentos e lágrimas construído pelo homem. Ao olhar para trás, sem uma perspectiva futura, alimentados por negros pensamentos e crenças absurdas, sentimo-nos devorados pela ignorância. A construção de um novo futuro torna-se inadiável, para que se possa escapar desta temporada nas sombras.

O ser humano precisa começar a pensar, produzir soluções luminosas para sair do labirinto em que se enredou através das épocas, becos-sem-saída, crenças, superstições, ignorância. Acreditar que alguém possa pensar por nós é submetermo-nos à mais cruel das escravidões.

A guerra é inútil. Para deixar de guerrear consigo mesmo e os semelhantes será necessário reconhecer o fracasso da cultura e o desvio espiritual que separou os homens.

Por detrás dos exércitos, os senhores das guerras refestelam-se na ambição desenfreada, enquanto a juventude perece nos campos de batalha. Uma justiça verdadeira deveria levar esses senhores da morte às linhas-de-frente para sucumbir do veneno que eles próprios instilaram nas mentes indefesas dos que morrem por causa nenhuma.

Diante de tanto ódio e matança, não há futuro para o ser humano. Será necessária uma grande reversão moral, intelectual e espiritual para salvar o pequeno planeta do mau destino. E a única arma é a inteligência e sensibilidade humanas, dons maiores herdados de épocas ancestrais, e que se encontram eclipsados pelo materialismo cego, que tudo consome e destrói.

Os profetas vaticinaram o final dos tempos em função de ocorrências climáticas e geológicas, sem imaginar que a ignorância e a perversidade humanas chegassem ao ponto de produzir armas para a destruição total. A ignorância e a inconsciência têm permitido que o mal se alastre com tanta velocidade. O mal que se origina na mente tomou o ser humano insensível defronte das atrocidades que ocorrem ao seu redor e que é causada pela ignorância que faz crescer nela verdadeiros monstros psicológicos. A inconsciência torna os seres frios e insensíveis, incapazes de se conectar com uma vontade superior que quer a vida, o entendimento e a união.

O homem, figura impar nesta parte da criação, com sua capacidade de pensar, criar, ser consciente e humano, transformou-se no antípoda do criador, no inconsciente, na fera que suplanta qualquer animal com suas atrocidades.

Se as coisas prosseguirem como estão, não será difícil prever momentos terríveis pelos quais haveremos de passar, caso não haja um despertar das consciências que permita afastar da Terra as sombras da ignorância e da inconsciência. Esta é a era das grandes maldades. As grandes descobertas e o avanço tecnológico têm servido para infernizar a vida humana.

O despertar das consciências é o único caminho para reverter a tendência suicida. Caso uma parte da humanidade não experimente este renascimento, não serão as súplicas, os tratados ou alianças que haverão de salvar o planeta da destruição total.

Quando muitos homens compreenderem que só existe um caminho, que cada um deverá construir para depois trilhá-lo individualmente; que a possibilidade de redenção dos próprios erros existe em cada criatura e só ela poderá realizá-la, o ambiente mental deste mundo se transformará e poderemos reverter a tendência suicida que se instalou nas mentes humanas. Esta transição caracterizará o final dos tempos obscuros e amargos, e o inicio de uma nova civilização.

Nagib Anderáos Neto

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