O DISCURSO QUE FALTAVA

Em um discurso no início do mês, o governador do Amazonas deu um recado claro aos ecoxiitas de plantão: “Onde houver necessidade de estrada, vamos construir uma estrada”, proclamou, entre outras coisas, de maneira inflamada. Realmente, a ingerência dos preservacionistas em ações públicas na Amazônia está passando do razoável e atrapalhando, senão o progresso, a própria atividade de sobrevivência.

O Governo Federal, influenciado dos pés à cabeça por ONGs quase nunca bem intencionadas, estica seus tentáculos sobre todas as atividades extrativas, sejam elas do porte que forem. As restrições são tantas que o ribeirinho não necessita do flagelo das cheias para correr para a cidade em busca de ar. Nossos governantes parecem esquecer que, tirando o caboco de seu habitat, estão perdendo um precioso banco de dados sobre a natureza amazônica.

A conferência RIO + 20 acontecerá este ano com todo o estardalhaço que costuma cercar eventos dessa natureza. O que vão discutir de prático? O vazamento do petróleo no Golfo do México que fez mais estragos que vinte mil motosserras? O incentivo à produção do carro elétrico que pode ser produzido ao custo de um carro popular, mas que custa cinco vezes seu valor no Brasil? Energia Eólica?

É interessante reparar que quando se discute valores os riscos ecológicos não são considerados. Todos querem ter os lucros do pré-sal mesmo que seja daqui a 30 anos, mas ninguém parece preocupado com o perigo que isso representa para a fauna marítima. O vazamento do Golfo do México ficou esquecido como se os efeitos pudessem ser apagados.

Será que os ecologistas estão realmente preocupados com a Amazônia? Eles pelo menos sabem o que pretendem defender? Até que ponto o homem deve interferir na selva que é cruel? Lembro-me de ter ciceroneado estudantes de engenharia florestal por apenas um dia na selva amazônica. Foi o suficiente para que, pelo menos dois resolvessem trocar o curso para outro mais leve. Será que, se esses ecologistas ficassem na selva por apenas uma semana, não olhariam tudo com outros olhos?

A selva não é romântica, ela é cruel. Só convive com ela, ou dentro dela, quem muito conhecimento ou não tem outra opção. O ciclo das águas, embora previsível ou esperado, provoca alterações na rotina que não são nada fáceis de serem superadas. Por isso que o morador dela merece nosso respeito e compreensão e não perseguições.

Se a RIO + 20 for discutir as trilhas na Amazônia, que pelo menos se assessorem com os técnicos do INPA que são trocados por “técnicos” de ONGs, cheios de segundas e terceiras intenções, na hora de elaborar ou por em prática ações protecionistas.

Parabéns Governador Omar Azize! Se formos seguir orientações, que elas sejam emanadas de órgãos técnicos que valorizem o homem em primeiro lugar e não do clamor romântico daqueles que pouco ou nada conhecem da Amazônia.

Luiz Lauschner - Escritor e empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 16/05/2012
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