O Luxo, o Marketing e Outras Considerações

O luxo pode ser emasculante.

A insaciabilidade, o hedonismo (sistema filosófico que considerava o prazer como único fim da vida; doutrina que considera o prazer individual e imediato como o único bem possível, princípio e fim da vida moral) são fatores diretamente relacionados ao luxo.

O luxo é normalmente considerado como fator de distinção social, diferenciação, desigualdade social.

Também como dimensão da ostentação, o luxo causaria o enfraquecimento da vontade individual.

Artigos, manufaturados ou não, admitem quatro categorias de classificação:

Luxo – são os produtos mais caros, os mais bem elaborados, criados para não estar ao alcance de todos;

Premium – são os produtos imediatamente mais accessíveis que os de luxo;

Intermediários – são os produtos considerados de valor imediatamente inferior aos da categoria Premium; e

Populares – são os produtos mais baratos de todos, accessíveis ao maior número de pessoas.

Os produtos Premium e os de luxo são os esteticamente mais elaborados, bonitos, diferentes e que causam mais prazer.

O que leva uma pessoa a adquirir um produto Premium ou de luxo relaciona-se à maior possibilidade de distinção que se pode alcançar entre as pessoas, o reconhecimento pessoal a partir dessa distinção, o individualismo.

Leis suntuárias são as que restringem produtos como ouro, jóias e prataria à categoria de reis ou de pessoas integrantes da classe nobre.

Narcisismo, individualismo e hedonismo são fatores que conduzem à necessidade de luxo, como argumento da distinção social.

O luxo seria também o ápice da busca do prazer, do individualismo.

Prazer e distinção social são os fatores que definem o marketing direcionado aos produtos de luxo.

As empresas vendem muitas vezes, baseando inclusive sua receita maior nessa estratégia, produtos vinculados a um produto Premium ou de luxo, porém mais baratos, de modo a serem adquiridos por um número maior de compradores. Desse modo, as grandes marcas também vendem chaveiros, bolsinhas, toalhas, etc., comercializando em menor escala o produto original, ou da moda, através do qual a marca tornou-se conhecida.

Um produto Premium ou de luxo é também caracterizado por se tratar de produto de qualidade superior, de preço bem mais elevado, que não é encontrado com facilidade e de propaganda voltada para canais específicos.

O marketing tem a função de associar a marca à qualidade e especificidade do produto, através de determinados mecanismos. Elabora-se, por exemplo, o rótulo de um produto de massa, dá-se a esse produto uma publicidade mais refinada, agrega-se ao produto alguns níveis de excelência, transformando-o finalmente num produto Premium, destinado a ter um custo mais elevado.

Existe uma grande proximidade entre o luxo e o supérfluo. É problemática essa distinção. Onde começa o luxo? Será que todo produto de luxo é também supérfluo?

Rio, 08/10/2005