PRINCESA LEOPOLDINA: FEIA E TRAÍDA

No dia 25 de julho se comemora o Dia do Colono. Uma data pouco conhecida fora dos três estados sulinos mas que representa o marco da imigração alemã. Afora alguns poucos que vieram ao Rio de Janeiro acompanhando a Princesa Leopoldina (casada com Dom Pedro I, por procuração na Áustria) e que se estabeleceram em Petrópolis e adjacências, o grosso da imigração européia aconteceria alguns anos mais tarde, no Rio Grande do Sul.

Leopoldina era obesa e culta, segundo alguns. Porém, era muito sensível e sabia muito bem da pobreza que deixara em seu país de nascimento e na vizinha Itália e na Alemanha. Assim, estimulou a vinda de europeus para o Brasil, fazendo com que a coroa brasileira pagasse os navios que traziam estes imigrantes. A única condição era que fossem agricultores e viessem em caráter permanente. Exatamente no dia 25 de julho de 1824 chegou o primeiro navio com essa gente.

O que começou no Rio Grande do Sul, espalhou-se por Santa Catarina e mais tarde pelo Paraná. A colonização do Oeste de Santa Catarina, 100 anos mais tarde, começou em Rondônia passando pela Inglaterra e Alemanha. O Brasil, sem dinheiro, havia dado as terras do Oeste Catarinense, desabitadas, despovoadas que antes eram disputadas por portugueses e espanhóis em pagamento de obras, entre as quais a construção da Ferrovia Madeira Mamoré em Rondônia. A empresa Development & Colonization negociou as terras com duas colonizadoras: A Companhia Sul Brasil e a Sparkasse alemã, que criou a Caixa Rural União Popular de Itapiranga. A oeste de Chapecó, as duas atuavam em regiões diferentes e seus braços financeiros, além de receber o pagamento das terras divididas em lotes de 20 a 35 hectares, também serviam de suporte financeiro para pequenos investimentos dos colonos que as haviam adquirido. O Banco Sul Brasileiro foi a falência nos anos 90. A Caixa Rural foi transformada em Cooperativa de Crédito e sobrevive até os dias atuais como banco de uma agência só.

A princesa Leopoldina, traída por seu marido, recebeu uma homenagem quase indireta dos agricultores cuja viagem patrocinou: O nome da cidade de São Leopoldo, no vale do rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Aos alemães, que aqui permaneceram na sua grande maioria, resta o fato que trouxeram progresso à terra de adoção deixando descendentes dos quais mais de 13 milhões ainda guardam o nome de família. Grande parte deles não está mais no campo.

Houve outros alemães que vieram ao Brasil. Mesmo em Santa Catarina os imigrantes não se concentraram no Oeste, mas também no vale do Itajaí onde fundaram cidades muito importantes como Blumenau, Pomerode, Joinville e outras. No Espírito Santo também há cidades fundadas por eles.

25 de Julho é mais que o nome de um centro cultural. É o dia em que se comemora a vinda dos europeus para trabalhar a terra brasileira. Se há quase 190 anos os alemães ajudaram a branquear o povo brasileiro, aos poucos também foram escurecendo e hoje fazem parte desta harmoniosa variedade étnica que é uma das riquezas e um dos exemplos que o Brasil pode dar ao mundo todo.

O dia 25 de julho merecia estar incorporado as datas nacionais para que os brasileiros conhecessem um pouco mais de sua história.

Luiz Lauschner – Escritor e empresário.