O PAPA É MUITO PERIGOSO

O mês de maio, que sempre foi lembrado como o mês das flores e das noivas e, em consequência disso, também o mês das mães, agora passará a ter mais um marco. A histórica declaração do Papa Francisco (neste mês) de que os ateus também podem ser salvos, bastando para isso que pratiquem o bem, caiu como uma bomba no mundo cristão. Ele se baseia no evangelho de Marcos onde Jesus determina aos discípulos que não descriminem quem faz o bem. É um recado de dois mil anos que até agora tinha sido esquecido. Afinal, o bem pode ser praticado também por quem nunca ouviu falar dos evangelhos ou por quem nem quer saber deles.

Muitos dos cristãos que se agregam na miríade de nomenclaturas ficaram mudos. Outros insistem que a bíblia diz que só Jesus Salva e aqueles não o seguem serão condenados e por aí afora. Não é suficiente seguir os ensinamentos dele. É necessário proclamá-lo como único e suficiente salvador. Sem querer mencionar os inúmeros capítulos e versículos punitivos da bíblia – são tantos mostrando um Deus punitivo que a própria figura de Satanás parece perfeitamente dispensável – vamos ficar na aparente ingenuidade Papa. Ele faz declarações com o coração que, segundo os espiritualistas, seria o depositário das coisas divinas que há em nós. A maior autoridade religiosa do mundo afirma que “não teve intenção de provocar debates teológicos sobre a natureza da salvação”. Isso é ingenuidade ou inspiração?

Não há aí uma semelhança com o que Cristo disse que não veio abolir nada e zerou até o tempo que passou a ser contado como Antes e Depois dele? E se o ecumenismo do Papa não se restringir aos ateus? Se ele estender sua declaração aos budistas, xintoístas confucionistas e outros? Se tiver o desplante de englobar até os muçulmanos e judeus no plano de salvação pregado por Jesus? Isso sem falar dos outros cristãos que não reconhecem sua autoridade. Que autoridade? Ele mesmo não quer ser autoridade nenhuma. Disse até que o Papa está aí para servir, não para ser servido.

Este homem é muito perigoso. Ele está dizendo que basta fazer o bem para poder alcançar a Graça Divina. Por extensão afirmou que não importa ver o credo de quem pratica o bem e que “Deus tá vendo” e o chamará para Si. Isso é muito perigoso. Pode acabar com a belicosidade entre os homens e, num plano ainda maior, acabar com as guerras. O que irá acontecer com as indústrias da morte que promovem tantos empregos e elegem tantos governantes? E as grandes empresas chamadas de igrejas que enriquecem com os “donativos” dos que são orientados a verem os ateus e outros como mensageiros do “inimigo”? Este homem corre perigo.

Paradoxalmente, quando surgem polêmicas sobre o entendimento da bíblia, principalmente sobre o Deus dos Exércitos pregado no Antigo Testamento e do Deus do Amor pregado por Jesus, aparece alguma autoridade religiosa falando que a bíblia deve ser entendida como um todo. Será que todos os ensinamentos religiosos não convergem para que haja paz? Principalmente a paz interior cuja ausência provoca as dissenções coletivas? Afinal, teria algum sentido Jesus ter vindo à Terra se não fosse para trazer o Amor Universal?