"Meu filho fuma maconha"!

Tenho histórias para contar.

Algumas cômicas, senão trágicas.

O tema adolescência sempre me provocou mais.

Natural, passei grande parte da minha vida com eles.

Aprendi a amá-los e respeitá-los.

É de uma história vivida que falo agora.

Fui procurada pela orientadora da escola relatando que um jovem estava ausente.

Naturalmente que indaguei e solicitei a presença dos pais na escola.

Trabalhava com alunos de classe média alta.

O pai em questão (veio desacompanhado da mãe) era um juiz.

Quando foi indagado da ausência do filho, um jovem de 15 anos, ele nos disse que não sabia onde estava.

Naturalmente que a minha surpresa e da orientadora foram enormes.

Imaginem...

Ele nos colocou que havia colocado seu filho fora de casa, um garoto de 15 anos, por que descobriu que ele fumava.

Eu lhe perguntei pasma, claro:

Fumava o que?

Ele respondia: aquilo, você sabe.

Eu: não sei não senhor, o que seu filho fumava?

Ele respondeu: você sabe, não preciso dizer.

Insisti e pedi a ele para verbalizar o nome do que o filho fumava, pois seria melhor para ele e seu filho.

Ele tirou o paletó... ficou muito incomodado com a situação.

A orientadora não sabia se falava comigo para parar, afinal era um juiz ali, ou se apreciava o descontrole dele.

Ele não falou.

Novamente disse a ele: fala, fala maconha senhor!

Fala maconha, ela vai sair de dentro do senhor e aí poderemos conversar.

Ele levantou-se e disse em voz alta. MACONHA, MEU FILHO FUMA MACONHA!

Chorou.

Só então conseguimos conversar.

Ele sentiu a dor e o desamor.

Deixou cair a máscara.

Desarmou-se.

Colocou-se como pai sofrido, sentido.

Tornou-se pessoa.

Foi fácil então convencê-lo que só precisava amar seu filho.

Deixar cair a máscara e amar.

Apenas amar.