Brasil no país do futebol.

Aproveitando esse minuto de tristeza quero dizer, que a derrota do time de futebol do Brasil foi sim e sempre será lembrada como uma goleada histórica em todo o mundo, principalmente por ter sido dentro de casa, mas nunca deve ser considerada uma humilhação. Pois o esporte é assim, proporciona aquele que melhor se prepara e se organiza desde cedo vislumbrando atingir a um objetivo. Ressalvando, quando o resultado é adverso àquele que realmente faz por merecer e se espera. Essas são as surpresas desse esporte, que ontem alguém talvez tenha até pensado, que poderia acontecer. Porém vale ressaltar e reflexionar sobre o que é a organização de um time, no caso da seleção Alemã frente a nossa seleção, que desde os campeonatos, há muito que perdeu o rumo, que perde os seus melhores jogadores para o futebol dos outros países, haja vista termos apenas um ou dois jogadores locais nessa seleção. É bem lógico como disse alguém, que no futebol acontece de tudo, mas a justiça foi feita em campo. O que se apresentou melhor e desde cedo se organizou venceu e venceu bem. Entretanto eu gostaria de enfatizar outro campo, aquele que todos os dias perdemos e ninguém se sente humilhado, ninguém faz das suas ações um passo para realmente ter os seus direitos respeitados, pelo contrário “levanta sacode a poeira” e finge que não tem jeito mesmo e segue adiante, reclamando pra si ou pelos bares, mas sempre, onde deveria dizer, segue ainda o caminho sem falar absolutamente nada.

No que tem a se evidenciar uma humilhação é dizer que acabou o circo e na manhã seguinte voltaremos a nossa realidade, que é duríssima. Pois, com toda a minha ignorância nativa, entendo que humilhação, oxalá outras opiniões e entendimentos, é empurrarem um valor de inflação pra todo o país, sendo que cada região vive uma realidade de acordo com a suas dificuldades locais, que ao invés de serem amenizadas pela tecnologia e infraestruturas, da politica dos governos são cada vez mais enfatizadas em colapso, perplexando ainda mais a vida de cada um.

Em muitas vezes, vale inferir que essa humilhação deveria ser encorpada por cada um brasileiro, não no esporte, como o futebol, que é tão bonito e é uma paixão nacional, que diga-se de passagem tirou muitos jovens e crianças da beira do abismo, quando o governo, em sua orfandade sequer tem atitude de nas periferias desenvolver um trabalho voltado a todos, como o de incentivar essas nossas crianças ao esporte e não, por sua omissão ou seu tipo de politica faze-los enveredar nas ruas sem caminho nenhum, ou quando não muito, encaixa-los no cinturão dos oportunistas, como cidadãos medíocres a sempre procurarem em tudo levar vantagens.

É de se refletir, como humilhação o que a gente passa ao irmos ou levarmos algum ente querido aos hospitais ou postos de saúde das cidades afora, e é unanime não encontrar um médico, medicamentos, leitos ou atendimento adequado as nossas necessidades, visto o que se paga de impostos.

Bem como andarmos pelas ruas ou ficarmos em nossas residências, tentando usufruir da liberdade de ir e vir, e quase sempre sermos lesados, quando não alvejados por uma bala, sermos surpreendidos por um bandido como refém ou sermos enterrados vivos pela construção que se tem sem qualquer fiscalização. Por tantos, nem irmos ao nosso trabalho, para garantir o pão de cada dia, visto que nem temos a devida garantia de irmos e voltarmos em segurança.

Sobretudo é bom que se diga que temos mais a nos envergonhar do que nos sentirmos humilhados, pois já estamos quase aceitando o fato de que somos orgulhosos de ser brasileiros, por vivermos aqui num país cuja dadiva de Deus é incomparável, frente a tantas adversidades que vivemos forjada pelos homens que cultuam como sua raiz a corrupção, a desorganização, a falta de compromisso, as injustiças, entre tantas desigualdades e indiferenças para se manter no poder. E isso é respaldado, quando a gente vê passar pela tv histórias como a ditadura, como a década perdida, como o escândalo de João Alves, da ferrovia norte sul, das Assembleias legislativas em vários estados, dos vários governos estaduais inoperantes, do mensalão e do seu pífio julgamento, da Petrobrás, das vendas simplórias de muitas empresas estatais como a vale do rio doce, como a companhia de telefone, bem como as dificuldades diárias de locomoção pelas calçadas da cidade de alguém que usa cadeira de rodas, dificuldades de um idoso tentando pegar um transporte, dificuldade de um jovem em ler um texto e explicar, bem como também querendo entrar na faculdade ou conseguir um emprego e nada se consegue a não ser a frustração ou a indignação de jamais sair do mesmo lugar. E mais ainda, querendo estudar e esbarrar na falta de qualidade, na má estrutura das nossas escolas ou na má preparação de nossos servidores.

Vergonha e humilhação nacional é ainda não sabermos ao certo que rumo tomar. Pelo que se vê, não se sabe, se quando as eleições vierem, por não ter um meio mais eficiente de eleger alguém continua-se a votar sem compromisso ou nem vota-se. Deixando a casa nas mãos de pessoas que ainda não tem a maturidade para compreender que governa-se para todos, para uma sociedade melhor e não para usurpar da oportunidade, para se eternizar no poder afim de subir de vida.

Vale compreender ainda, que temos a nos envergonhar, quando desmedidamente, sem nunca temos assumido as nossas responsabilidades sociais, saímos de nossa casa para irmos as ruas, mascarados, pintados ou não, incitados por alguém, que não se sabe qual o verdadeiro proposito para protestar e em muitas vezes, se acaba por danificar o patrimônio público e privado, quando não, indiretamente acaba-se por ferir pessoas.

Diante de tudo o que a gente vive diariamente cabe sim uma reflexão, não para se enlutar, não para se sentir minorizado e desmotivado ou envergonhado, mas voltar o pensamento na direção de o que fazer, qual tempo devemos dispor ou qual atitude devemos tomar frente a tanta adversidade criada por nossos espaços, ou seja, por muitas das vezes, não assumirmos o nosso papel na sociedade e usarmos a eleição como um capitulo sem a devida importância, usarmos os nossos direitos como um transcrito no papel ou voltarmos as ruas para desordenadamente mostrarmos a nossa ignorância.

A copa do Mundo no Brasil deve ser refletida em vários fatores, não só pelas dores da derrota da seleção, não só pela apatia de nossos jogadores em campo, não só pela falta que fez uma ou duas peças em campo, não só pelas lágrimas de quem pode pagar um ingresso e das arquibancadas, se mostrou tão igual a quem assistiu tudo dentro de um hospital sem a devida estrutura, a quem foi dispensado do trabalho e veio para a sua casa num coletivo ou no coletivo, que após passar pelo viaduto viu em segundos tudo desabar, bem como aquele que paga humildemente a sua energia elétrica e estava em sua casa esperando essa energia chegar, quando nunca veio, ou aquele que ao caminhar para sua residência foi abordado por bandidos, tendo seus pertences subtraídos sem ter pra quem reclamar, ou ainda, aqueles que sem ter o que comer, assentaram diante de uma televisão para em família se unir, sorrir ou triste ficar . Que sirva não só para se pensar, mas para se tomar consciência e atitude dentro da idéia de cuidar uns dos outros, antes que seja tarde de mais, até para chorar.

Perder ou ganhar no jogo não muda a realidade que está. Os problemas voltaram a assolar, quem mora na rua continuara morando na rua, quem trabalha terá que se apresentar, as crianças de hoje serão os adultos de amanhã e as ruas por muito tempo, dependendo de cada lugar podem até permanecerem pintadas e enfeitadas, afinal é dinheiro gasto, como nas obras fraudulentas, mas a consciência é bom que se começe a mudar.