Filosofia e Sociologia no RS

Desde o seu surgimento a filosofia sofre perseguição. Pois ela pauta a sua fundamentação na busca incessante pelo conhecimento à luz da razão. Mesmo que para isto tenha que ir de encontro com grandes estruturas sociais baseadas em verdades forjadas. Como exemplo clássico de perseguição tem-se a condenação de Sócrates, que teve de tomar cicuta por instigar o pensamento dos jovens gregos.

Na década de sessenta com o golpe militar a filosofia foi severamente perseguida no Brasil. Pois vários professores foram exilados e a disciplina categoricamente banida dos currículos escolares. Quarenta anos depois parte da sociedade parece ser dar conta de sua relevância na formação do cidadão. Pois, por meio do parecer 38/2006 de 07/07/06 o Conselho Nacional de Educação reinstitui o ensino de filosofia e sociologia nos currículos escolares à partir de 2008. Sem dúvida alguma este fato é uma vitória para aqueles que sabem que a formação do cidadão ético, crítico, sujeito e protagonista depende em muito da inclusão destas disciplinas.

Diferentemente do posicionamento acima, a secretaria de educação do RS na pessoa da Sra. Marisa Abreu e o sindicato das escolas particulares do RS na pessoa do Sr. Osvino Toillier manifestam-se explicitamente contra a resolução do CNE (Conselho Nacional de Educação), órgão que estabeleceu até 2012 para a adaptação das escolas. Mesmo assim o presidente do sindicato afirma que o CNE ofende o pacto federativo ao invadir a competência dos Estados; afronta a LDB que confere à escola a competência de elaborar e executar a sua proposta pedagógica. Já a secretária de educação do RS afirma, - segundo o jornal Correio do Povo do dia 16/05/07 pág 9-, que a inserção das duas disciplinas é uma imposição curricular. Marisa Abreu lembra que a LDB determina que os alunos tenham disciplinas que “envolvam” filosofia e sociologia. Cabendo a cada escola tratar do assunto de forma “transversal”. Ele enfatiza que vê mais carência curricular em outras áreas, como as ciências exatas.

Os profissionais de filosofia e sociologia sentem-se desrespeitados diante do modo como o assunto é tratado. Pois a inclusão das duas disciplinas parece apenas ganhar um status de entrave orçamentário na opinião das entidades acima citadas. É evidente que diante da crise o orçamento dos Estados esteja mais restrito, contudo os Estados do Paraná e Santa Catarina não se opuseram à decisão do CNE. O Paraná anunciou ainda a contratação de quinhentos profissionais da área! O Estado do Paraná parece entender muito bem de geração de empregos e formação humanística da pessoa.

A filosofia e a sociologia já foram, ignorantemente, silenciadas na década de sessenta. Será que é isto que o Rio Grande do Sul quer novamente? Ser partícipe da história do Brasil ou uma opaca estrela da bandeira da nação.

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