O QUE É UMA VIAGEM MISSIONÁRIA? JÁ PARTICIPOU DE UMA?

Minha igreja tem um departamento, que chamamos de Ministério de Evangelismo e Missões. As viagens missionárias estão vinculadas a esse ministério. Para organizar uma viagem missionária, é feito um planejamento com dois anos de antecedência. Incluído no cronograma de atividades, a escolha e roteiro da visita a determinado local e, começam os contatos para que na data marcada, a viagem aconteça sem imprevistos.

Já participei de várias viagens missionárias. Não é apenas um final de semana diferente, onde podemos nos sentir diferentes, os maiores por termos tido melhor educação, por termos mais recursos, ou por que somos mais bonitos, mais bem cuidados. Temos consciência que nossa missão é serviço e não uma viagem de turismo, ou um lugar para que as pessoas nos admirem! No entanto, saímos de lá com alguma experiência marcante, pois cada um de nós executa um trabalho especifico. Vale salientar que outro ponto importante é a convivência entre os participantes da viagem. Deixamo-nos conhecer um pouco mais.

Na volta, fazemos sempre um balanço do que foi realizado, numa critica construtiva ao nosso próprio trabalho e envolvimento, dos contratempos, incluindo o acidente com Zila que precisou dar alguns pontos no pé, ao tempo em que oramos, agradecendo por tudo que nos aconteceu e a certeza de que Deus esteve envolvido e nos guardando.

Se cada um de nós pudesse falar sobre a sua experiência, o culto não poderia ter mais nenhuma participação. Alguns podem considerá-la simples, mas são de coisas simples que surgem grandes coisas e grande empreendimentos.

É evidente que, às vezes, pensamos dez vezes em participar, se vale a pena, dá preguiça, principalmente, quando lembramos que sairemos da nossa zona de conforto, do sono adequado, da comida que estamos acostumados, da nossa rotina. No entanto, sempre voltamos pra casa com uma sensação boa, de no mínimo, dever cumprido. É interessante seguir a rotina de dividir em grupos e cada grupo fazer o trabalho que lhe foi confiado, desde sair distribuindo folhetos e convidar para o culto logo mais a noite, dos serviços de utilidade publica que estarão disponíveis por algumas horas, como médicos, dentistas, advogados, de levarmos roupas, calçados, livros, materiais para as crianças que serão posteriormente distribuídos pela igreja local, das visitas ao hospital local e prisão, etc.

Dessa vez foi diferente, não sai distribuindo folhetos, mas fiquei com o grupo desses grupos que presta assistência as pessoas da comunidade, instalados na escola local. Assisti a uma palestra sobre planejamento familiar com uma das enfermeiras e que trabalha num posto de saúde no bairro da Encruzilhada, referencia no tratamento de doenças sexualmente transmissíveis, ajuda psicológica, e outros serviços, incluindo assistência a adolescentes grávidas, e portadoras do vírus do HIV e AIDS. Foi muito bom estar lá! Ouvir Niedja falar àquelas mulheres sobre métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez, acompanhamento pré-natal, visita regular ao ginecologista e prevenção. Principalmente, ouvir o testemunho daquelas mulheres, suas experiências de vida, e a forma como puderam lidar com elas, e estarem ali, vivas, buscando novas informações. Havia mulheres com mais de 65 anos a adolescentes de pouco mais de 13 anos e, no entanto, poucas se interessaram em assistir. Algumas estavam interessadas em receber camisinhas, aprender como usa-las melhor.

Mesmo diante das limitações impostas, como falta de divulgação adequada, é um trabalho de vanguarda, pois a maioria das igrejas e, a maioria das escolas não faz esse tipo de trabalho. Saí de lá com uma sensação de que é possível ajudar pessoas de todas as idades a cuidarem de seus corpos, a partir de cuidados básicos de higiene que deveriam ser dados em casa, pelos pais, mas que por vergonha, desconhecimento, e que por essa razão transferem para a escola a responsabilidade de ensiná-las. Sobra muito preconceito, falta informação, pior que isso, falta formação.

Na próxima viagem missionária deveríamos explorar melhor essa vertente do trabalho para ajudarmos diminuir à disseminação de doenças sexualmente transmissíveis, orientando mulheres de todas as idades, com palestras sobre o uso adequado do seu corpo, em sentir e dar prazer ao seu (a) companheiro (a). Logo, a abrangência do trabalho precisa ser focalizado também os rapazes e nos homens, pois a educação ou orientação sexual não é apenas da alçada da mulher, mas de pessoas que buscam uma vida em comum, formarem uma família, ter e criar filhos. É responsabilidade nossa!