Renascer? Como é isso?
No início da era cristã, o membro da Corte do Sinédrio, Nicodemos, ouve perplexo a declaração de Jesus: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus... O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito. O Espírito sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai.”
A lembrança dessa conversa ocorrida nos primórdios do Cristianismo atravessou vinte séculos e, no seu conteúdo, estão as explicações fundamentais para a Vida. A resposta para o questionamento de Nicodemos: “Nascer de novo? Como pode ser isso, Rabi?”, foi impregnada de atmosfera preconceituosa pelos primeiros estudiosos, considerando tal diálogo como religioso. Todavia, apesar das perseguições, o ensinamento do Mestre continua vivo.
Nenhuma das religiões organizadas pelo homem, nem as antigas filosofias, mesmo a ciência moderna, conseguem explicar o enigma da morte e a origem da vida. As tentativas de explicações acontecem de acordo com o entendimento que se tenha da vida.
O materialista olha o homem como um ser biológico, uma máquina orgânica complexa, que vive a atualidade, sem ter nenhum passado e que nada deixará para o futuro. O espiritualista olha esse mesmo homem como um ser biológico, semelhante aos animais que, no entanto, possui um Espírito que sobreviverá à morte. Acreditam que esse Espírito foi criado ao mesmo tempo da criação do corpo, nenhum conhecimento trazendo ao nascer, e levando consigo apenas a experiência de alguns anos de vida. Esse Espírito nada mais aprenderá, ficando na inércia por tempo indeterminado.
No entendimento espírita, o homem foi criado simples e ignorante e, através do uso do livre arbítrio concedido pelo Criador, escolherá os caminhos para adquirir experiências boas ou más, sendo o único responsável pelas consequências de sua escolha. Lentamente ele vai evoluindo, aumentando seus conhecimentos intelectuais e das leis morais. Lógico que essa enorme gama de conhecimentos, não se faz em apenas alguns anos de vida, da mesma forma que ninguém se forma em nenhuma especialidade das ciências humanas, cursando apenas o primeiro grau.
O Espírito para chegar próximo ao Pai, precisa estar livre de qualquer impureza e ter conhecimento de tudo. Claro que isso só é possível juntando-se os conhecimentos de muitas vidas. O Espírito quando chega para ocupar o corpo de um recém nascido, já traz consigo um enorme conhecimento, geralmente maior do que os dos seus pais, e irá, na nova vida, acrescentar outros das leis de Deus e das leis materiais. Após a morte do corpo físico, o Espírito leva consigo todas as experiências adquiridas, voltando à verdadeira vida, que é a espiritual, para esperar por um novo nascimento. Enquanto espera, frequenta escolas e estuda, visando seu adiantamento.
Assim, passo a passo, o Espírito vai poder ter conhecimentos suficientes, para ao lado de Jesus poder trabalhar em prol dos irmãos menos evoluídos. Foi isso que Jesus disse a Nicodemos. Não se chega ao reino de Deus pobre de conhecimento intelectual e rico de defeitos humanos e, claro, o Pai é infinitamente justo ao receber Seus filhos. Como afirmou o Mestre, a cada um segundo suas obras.