JERRY FALWELL - UMA VIDA A SERVIÇO DO CONSERVADORISMO

Morre, aos 73 anos, o pastor Jerry Falwell, homem-forte da direita cristã nos Estados Unidos

Richard Nixon, Gerald Ford, Ronald Reagan, George Bush, George W. Bush… A lista é longa, mas a influência deixada pelo pastor Jerry Falwell na vida americana é ainda maior. Conhecido como conselheiro de presidentes dos Estados Unidos, Falwell foi uma das personalidades mais importantes de seu país na segunda metade do século 20. Mas, no último dia 15 de maio, a missão terrena do pastor e televangelista chegou ao fim. Ele foi encontrado agonizante em seu escritório, na cidade de Lynchburg, Estado da Virgínia. Vítima de problemas cardíacos, o religioso não resistiu a um enfarte fulminante, apesar de ter sido rapidamente socorrido. Falwell tinha 73 anos, era casado com Macel e deixa três filhos e oito netos.

Em cerca de meio século de ministério, Falwell colecionou simpatizantes e inimigos nos mais variados setores da sociedade dos Estados Unidos. Ele se notabilizou pela polêmica. Fundador da Maioria Moral –movimento lobista liderado por religiosos fundamentalistas que, desde sua criação, em 1979, tem influenciado a política dos Estados Unidos –, Jerry Falwell tornou-se uma das maiores referências da direita política do país. Em seus discursos, o evangelista levantava a bandeira do conservadorismo, criando muita polêmica e infindáveis discussões com grupos mais radicais. Campanhas contra o aborto, a união civil de pessoas do mesmo sexo e a pornografia eram algumas das metas defendidas pela associação, que conta com mais de 6 milhões de membros. Os seguidores do reverendo trabalharam ainda contra o banimento das aulas de religião nas escolas públicas americanas, defendendo a tese de que a educação cristã é um fundamento essencial para a consolidação da moralidade familiar e bíblica.

Império – Além de liderar uma igreja com mais de 24 mil membros – a Thomas Road Baptist Church, que congregava apenas 35 pessoas quando começou a ser liderada por ele, em 1956 – e comandar um programa de TV de abrangência nacional, o império criado por Jerry Falwell também engloba a Liberty University, complexo educacional de matriz conservadora que conta com quase 20 mil alunos, colégios de ensino fundamental, creches e centros de reabilitação. Contudo, nem todo esse poder midiático e retórico conseguiu convencer o júri no caso Jerry Falwell contra Larry Flynt, editor de uma revista masculina que, utilizando da liberdade de expressão garantida pela Constituição americana, satirizou o pastor em um de seus artigos, inclusive com insinuações sobre sua vida sexual. O embate galvanizou o país nos anos 80 e chegou à telona no longa metragem O povo contra Larry Flint.

O caso foi parar na Suprema Corte, que reconheceu os direitos do editor depois de Falwell ter levado a melhor nas duas primeiras instâncias. Mas o episódio não abalou sua credibilidade. Prova disso é que o número de seguidores do pastor continuou aumentando. E, participando de um programa de entrevistas pela CNN num embate com o próprio Larry Flint, o pastor se viu, conforme suas próprias palavras, diante da oportunidade de “salvar a alma” do opositor. “Compartilhei o Evangelho com ele e disse que Deus o ama, embora odeie o que faz”, afirmou em entrevista à revista ECLÉSIA publicada em abril de 1997. Pode ser que o propósito do pastor não tenha sido alcançado, mas pelo menos ele amenizou um pouco a decepção pela perda do processo em que pleiteava uma vultosa indenização de US$ 45 milhões.

Fonte: Revista Eclésia - Edição 118

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JDM