SER OU NÃO SER

Não sei se ‘este ser ou não ser’, terá o mesmo sentido do to be or not be, que Shakspeare nos quis passar, porque haverá muitas outras maneiras de ser ou não ser, muitas questões que pairam no ar sem respostas, mesmo porque cada um, poeta ou não poeta, tem lá seus pontos de vista que podem vislumbrar horizontes para lá do horizonte físico que cada qual tendo olhos de ver possa ver ou sentir, ou simplesmente ver apenas aquele horizonte que o empinar do seu nariz alcança.

A vida. O que é a vida?- Distância não sabida a ser cumprida, diria eu, mas essa distância a ser cumprida pode ter variáveis, distâncias para uns, inatingíveis ainda que se esforcem e acreditem ser possível. Para outros, entretanto, tarefa tida como impossível, uns por vias da má sorte dirão, outros porque se cansaram antes do tempo, desistem.

Há pessoas afortunadas de bens materiais, às quais nada lhes falta, e, no entanto, são uns pobretões, eternos descontentes, cujo maior prazer é tirar vantagem em tudo, que se empanturram com inutilidades, fazendo dessa prática o lenitivo, o remédio, para seu vazio existencial. Paradoxalmente não tem amor à própria vida, consequentemente, menos ainda à vida dos outros. Sentem uma inveja doentia daqueles que acham serem felizes. A vida é um fardo pesado demais, - tudo uma grande chatice...

No outro extremo temos aqueles que por não terem sequer um teto para se abrigarem, se enroscam em retalhos de papel e mantas esfarrapadas sob as marquises dos prédios. Ainda que o poder público disponha de abrigos noturnos para acolhê-los nas noites frias. Muitos deles se recusam à mão estendida da caridade pelo simples motivo de não quererem se submeter a certas regras, como por exemplo, higiene, e outras disciplinas, que impliquem no tolhimento das suas liberdades. Liberdade, talvez o bem maior porque vale suportar todas as suas agruras.

Liberdade, sem a qual a vida se tornaria sem sentido, para qualquer ser humano já que a vida sem liberdade é despida de dignidade. O homem nasceu para ser livre e dono do seu próprio destino. Assim Deus o fez já que à sua imagem e semelhança o criou.

Mas o homem é também um ser gregário e, portanto, sujeito às leis da sociedade onde está inserido. Por consequência os seus direitos terminam onde começam os direitos dos outros. Assim deveria ser, mas infelizmente, em muitos pontos do planeta ainda existe a lei do mais forte, não a lei da razão, muito menos do amor. Há guerras entre nações, e entre povos irmãos, uma sucessão interminável de horrores que envergonha e torna desprezível a raça à qual pertencemos.

Se a vida é breve passagem, maior se faz o grau da estupidez humana, porquanto ultrapassa toda a lógica do entendimento das consciências mais lúcidas.

Ninguém pode ficar indiferente a esse horror de atentados perpetrados contra vidas inocentes, por certos estados e principalmente pelo dito Estado Islâmico que com sua crença distorcida e animalesca tenta impor através do terrorismo o seu ódio a tudo aquilo que não se enquadra no ponto de vista de sua acefalia. Fanáticos e covardes, que a todos devem merecer o mais profundo repúdio e total desprezo.

Também no Brasil ainda que por causas diferentes, a violência é quase endêmica. Ninguém está seguro não só nas grandes cidades, mas também nas cidades de menor porte. Estamos em rota de colisão com aqueles valores civilizacionais que se foram construindo na longa caminhada através dos tempos. Que Deus nos acuda.

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 05/07/2016
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