"O DOUTOR" - COMENTÁRIOS SOBRE O FILME

O presente artigo tem como objetivo dar uma visão rápida sobre as circunstância psicossociais que envolveram o personagem do filme "O Doutor", no decorrer de sua história, tendo em vista o atendimento à solicitação da Profª Ms. Nara Liane, titular da cadeira de Tópicos Comportamentais, no curso de Gestão de Seguranç Pública e Privada da Universidade Luterana do Brasil/Canoas.

Curso: Gestão em Segurança Pública e Privada

Cadeira: Tópicos Comportamentais nas Organizações

Profª Ms.: Nara Liane

COMENTÁRIO SOBRE O FILME “O DOUTOR”

Para comentar o filme “O Doutor”, assistido no dia 25 de agosto de 2003, na cadeira de Tópicos Comportamentais nas Organizações, gostaríamos de discorrer brevemente sobre um aspecto muito importante tratado pela psicologia social. A consciência de si.

Como vimos no filme, e bem assim é na vida real, a identidade social é representada e definida pelos papéis sociais que desempenhamos. Nesta representação podemos definir como algo que advém das condições sociais da vida material e, que determinam os nossos papéis, bem como a nossa própria identidade social.

Assumindo a razão de que somos frutos da herança genética, sem levarmos em conta a história pessoal, fatos de relevante determinação, estamos assim reproduzindo o que todos esperam como, “ser bem ajustados”.

O questionamento de quanto a nossa história de vida dentro do grupo social e, o quanto aprendemos com os papéis que representamos, é o meio pelo qual poderemos constatar que, houve um grau determinado de influência do meio para a formação do nosso caráter e da consciência de nós mesmos.

Os questionamentos sobre a nossa representação social dentro do contexto, sofre forte controle de instituições, para amenizar e, até mesmo, anular estes questionamentos. Por outro lado, as instituições também podem nos conduzir a adoção de comportamentos anti-morais ou anti-éticos, em função de propósitos meramente competitivos.

O comportamento do doutor, observado no filme, muito bem nos mostra o controle das organizações sobre os nossos comportamentos, onde por imposição de metas profissionais, adotamos posturas que chocam aos menos avisados sobre a observação destes papéis a que estamos diariamente obrigados a representar. Logicamente que, quando a atitude profissional vem a comprometer outros relacionamentos sociais, tais como a família, os amigos, entre outros, mudando flagrantemente nossas atitudes e deixando-nos mecânicos nesses relacionamentos interpessoais, não dando chances de compensações emotivas, quando estamos fora do contexto profissional, aí encontramos uma pessoa que perdeu o controle sobre si, em função do seu papel social temporário.

A consciência de si, no caso do doutor, somente veio a tornar-se latente quando passou a ter que conviver com possibilidades do comprometimento de sua existência, por razões que, no desempenho de seu papel como médico, não tinham a menor importância, visto que o apelo da organização era mais forte que o apelo da sua razão.

As revisões de comportamento diverso, originários de condutas adotadas por interferências sociais, são evidentes nos casos de ameaça a nossa integridade física. Quem tem a possibilidade de conviver com pessoas, que num certo momento de sua vida foram arrogantes ou autoritárias, e que por um revés tornou-se dependente de cuidados especiais, por motivos de alguma enfermidade, bem pode constatar que os valores sofrem uma alteração vertiginosa, em favor da humildade e da submissão.

Sendo, portanto, o filme “O doutor”, portador de muitos aspectos que podem ser analisados dentro de uma linha de raciocínio observando a psicologia social, eximimo-nos de maiores comentários, por ser este um trabalho de micro-profundidade, não comportando estendermo-nos por demais sobre os personagens daquela obra, onde por suas ações e omissões, poderíamos, obviamente, que depois de analise psicológica individual, realizarmos um trabalho mais profundo sobre procedimentos comportamentais e suas relações com os fatos sociais a que estiveram envolvidos no decorrer do filme.

Canoas, agosto de 2003.

Camponez Frota