Transtorno de personalidade histriônica e mitomania

Todos nós conhecemos alguém que mente compulsivamente. Seja um amigo de escola, um familiar ou um namorado(a). Você já pegou essa pessoa mentindo inúmeras vezes, porém o comportamento permanece o mesmo?! Bom, talvez você esteja lidando com um mitomaníaco. A mitomania -hábito de mentir ou fantasiar desenfreadamente- é característica marcante dos transtornos de personalidade do cluster B ( histriônico, borderline, narcisista e antissocial). É importante ressaltar que, embora todos nós mintamos – consciente ou inconscientemente- os mitomaníacos o fazem amiúde, com intuitos diversos. É importante também diferenciar a mitomania de falsas memórias, pois mesmo indivíduos saudáveis costumam distorcer suas memórias e ter lembranças muito diferentes de um mesmo evento.

A mitomania geralmente começa por volta dos dezesseis anos e se apresenta em diferentes contextos. A presente matéria visa lidar com a mitomania relacionada ao transtorno de personalidade histriônica.

Antes de abordarmos exemplos e causas sobre transtorno de personalidade histriônica e mitomania, vale relembrar alguns comportamentos-chave, os quais nos ajudam a reconhecer um histriônico em nosso meio social:

são exagerados, dramáticos e catastrofizam problemas;

são promíscuos e sexualmente provocativos;

consideram as relações mais íntimas do que realmente são ( têm necessidade de falar de problemas pessoais com conhecidos, julgando-os amigos. Vitimizam-se com frequência, colocando a culpa de seus problemas em outrem;

têm necessidade extrema de ser o centro das atenções;

se sentem profundamente aborrecidos caso se sintam rejeitados;

são excessivamente ciumentos e têm atitude infantis.

Muito habilidosos socialmente, gregários e extrovertidos e com animação contagiante, o histriônico assegura seu lugar em grupos sociais diversos, sendo frequentemente a “alma da festa”. Dramáticos e manipuladores, convencem facilmente todos ao seu redor, catastrofizando problemas simples e “fazendo a caveira” daqueles com quem tiveram desavenças – para os histriônicos, “se não gostam de mim, não prestam”. Conquanto a mentira contada por histriônicos remeta a assuntos diversos, o objetivo é quase sempre o mesmo: vingar-se ou ser o centro das atenções, mesmo que de maneira pejorativa. Mentirosos maestrais, histriônicos “choram” com facilidade, com o desígnio de aparentar fraqueza e serem cuidados- o histrionismo é um tipo de personalidade dominada, guiada por outrem. Estão sempre a falar de sua vida pessoal, dando abertura a todos, de modo que estes se sintam à vontade para lhe dar conselhos- raramente um conselho sábio sai da boca de um histriônico. Entre os sintomas da mitomania, poder-se-ia incluir:

• As histórias contadas não são totalmente improváveis e muitas vezes têm algum elemento de verdade. Elas não são uma manifestação de delírio ou de algum tipo de psicose mais amplo: quando confrontado, o contador pode admitir que elas são falsas, mesmo que a contragosto.

• A tendência de contar mentiras é duradoura, não sendo provocada apenas por situação imediata ou pressão social, sendo uma característica natural da personalidade.

• A motivação definitivamente emocional (medo, vergonha, desejo por aprovação), sem benefícios externos óbvios (como vender produtos, manter um relacionamento ou escapar impune de um crime).

• As mentiras tendem a apresentar o mentiroso favoravelmente. Por exemplo, a pessoa pode ser apresentada como sendo fantasticamente corajosa, muito esperta, feliz, bem sucedida ou bem relacionada com pessoas famosas.

Uma busca em fóruns de psiquiatria revelam, através de depoimentos de parentes e cônjuges de histriônicos, que a mentira, com frequência, tem o intento de cobrir traições ou envolvimento emocional, falsas tentativas de suicídio, falsas acusações de estupro, agressão física e/ou verbal, alegações falsas de gravidez, mentiras sexuais sobre virgindade, enaltecimento excessivo do atual parceiro sexual e falso desprezo pelas relações anteriores, ou doenças inexistentes ( hipocondria e somatizações são comorbidades comuns.

É prudente exortar que, se você acredita estar lidando com alguém com este transtorno, é válido desconfiar de qualquer informação que venha destes indivíduos, não aceitando argumentações sem provas convincentes.

Como lidar com um mitômano histriônico:

1-) Não brigue ou discuta com ele. Facilmente ofendidos, qualquer confronto culminará em ofensas verbais, dramatização, ameaças. Histriônicos geralmente mentem para assegurar atenção constante, para obter validação externa, esconder uma autoestima em frangalhos ou remediar seu medo de abandono, real ou imaginário. Tentar obter a verdade fará com que criem mais mentira para cobrir as anteriores.

2-) Peça confirmação externa sobre o que é dito. Não lhes dê tempo para planejar mentiras elaboradas. Não ofenda ou chame de mentirosos. Isso pode estimular sentimentos de rancor e acrimônia contra você.

3-) Banque o bobo. Fazer-se de desentendido os força a alicerçar seus argumentos, expondo possíveis falhas no “enredo”. Não se adiante na primeira contradição. Aguarde até que a história se torne insustentável e confronte o mitômano com paciência. Ele provavelmente assumirá que mentiu ou evadirá a conversa. Caso ele assuma sua mendacidade, não acredite que isso fará com que mude seu comportamento. A mitomania é crônica e persistente, podendo durar toda uma vida.

A fim de melhor ilustrar a mitomania histriônica, serão traduzidos quatro casos de maior gravidade, para contextualizar as informações supracitadas. Fique de olho nas atualizações.

UM VIKING DE ÓCULOS
Enviado por UM VIKING DE ÓCULOS em 28/10/2016
Reeditado em 28/10/2016
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