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Com o Congresso às portas do imprescindível e impostergável recesso de fim de ano-carnaval, as votações das reformas, também de similar urgência e relevância, ficam para fevereiro de 18. As reflexões. meditações e preces de fim de ano junto às bases serão de extrema utilidade para depurar as mentes - e desmentes - de nossos ínclitos legisladores. Voltarâo a Brasília descansados e inspirados. E afiados.

A providência, que é divina, encontrará clima propício para segurar os eventuais excessos da previdência, que é libertina.

Malas prontas para o retorno às constituências é expressão surrada, mas melhor que seja aos novos tempos adaptadas. Afinal, as empresas aéreas passaram a cobrar pela bagagem despachada, e uma boa e bem recheada mochila possa talvez resolver melhor a parada. Há também o recurso das cuecas forradas, mas esse já parece um tanto ridicularizado. E o melhor é não se arriscar. Poucos, relativamente, são os que disporão do voo não comercial proporcionado pelos jatinhos e jeitinhos da FAB, menos sujeitos ao escrutínio público.

Os mais reclusos, contudo, poderão, em caráter humanitário, receber visitas de familiares, ou o que parece mais certo, liberações e estímulo até, para o que é chamado popularmente "saidão". Aparentemente, o estoque de tornozeleiras já terá sido recomposto.

Em razão do pequeno procedimento a que foi submetido, o próprio mandatário houve por bem suspender a pesada agenda de viagens oficiais ao exterior, postergando-as para uma data mais propícia. Sábia decisão. O ano de 2018, que espero seja bissexto, dará prazo mais dilatado para e realização desse alvitre. Demais, por ser um ano eleitoral, sem financiamento para as campanhas, dará nova cara ao país, num quadro de maior transparência, humildade e criatividade. Pena o bom Enéias já nos ter deixado, mas os seus ensinamentos hão de ter maior valença aos mais necessitados.

O embarque da Ministra Luislinda - para o recesso a que tem igual direito - é que pode suscitar, ao mero observador uma certa incerteza:

voltará? Ela, do ninho tucano, e de muitas outras representatividades, já sinalizou, fortemente, aliás, que topa o sacrifício de se manter no Governo, mesmo que submetida a tão exigente rotina de trabalho, que lhe consome as melhores horas do dia, e até avança noite afora. Parece, igualmente, que ela resolveu conformar-se ao insuficiente salário ministerial, enquanto sua petição para a incorporação dos proventos da aposentadoria são ainda examinados por quem de direito.

E o que a cúpula partidária eventualmente decidir sobre um mais imediato ou postergado desembarque do governo, aparentemente não a afeta. Seu histórico de lutas pelos direitos humanos credenciam-na, a seu ver, a fazer parte da quota pessoal do Presidente. O Senhor do Bonfim e os Orixás, mais de perto, durante o recesso, hão de conduzi-la à mais conveniente decisão.

Cabral desculpou-se de algum excesso na lida com os dinheiros públicos, reconhecendo, nada obstante, que a entourage vinha pesando muito, provocando-lhe verdadeira sangria no que buscava amealhar. Um Miranda, por exemplo - e que exemplo - o Carlos, que espero não reivindique a parentela para comigo, custava-lhe, admitidamente, cerca de 70 mil mensais, livres de quaisquer obrigações com o Fisco ou à Receita.

O nobre Francelino, que saiu de seu adorado Piauí, e do serviço ao regime militar, para governar as Gerais, já avançado em anos, mesmo já combalido pelas lides da vida e da senectude, deve ser evocado aqui com sua clássica indagação, ainda não respondida: Que país é este?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 15/12/2017
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