O Jornal Nosso de cada dia

O jornal nosso de cada dia

Oscar Araripe

Pois que então o jornalismo enfim chegou ao sacerdócio? Já desconfiava, diria um velho jornalista, para o qual esse sempre fora um sacerdócio.Um perigoso sacerdócio, sempre.Mas qual sacerdócio? Que perigo?

Jornalismo e religião vem sendo e até então sempre mais atachado ao dinheiro, às armas, à justiça e à política do sacerdócio do poder político, os pais e as mães deste mundo horrível, onde somos atores à força, via crucis de adagas terríveis, cuspindo fogo nos restaurantes inexistentes, tudo sendo e não sendo.

Desinformados na essência e na superfície estamos todos virando soldados da Religião, de idades bárbaras, cegos e carbonários, e que a tudo destroem com seus dedos de clicks.Onde estamos, onde estávamos ? E quosque tandem? E onde está a tevê que não me vê? Estaria eu, sábio velho Don Quixote mudo e surdo e sem visão, ali naquela Roma Imperial, aos funerais do Papa das religiões ? O Papa dos Estados Unidos, o Papa de todos?O Papa do jornalismo, da WWW Brasil, o Papa do Brasil e do Mundo?O Papa do México e do Muro do México? O Pai. O nosso e de todos os dias.

Grande Pai, belo Pai porém, que trazia algo de Arte e paralelismo do fundo de sua intuição polonesa, algo muito pessoal, étnico, secreto, místico - um imenso paradoxo de universos universais, abismal.Talvez Cristo estivesse querendo dizer através de seu pontífice máximo que os homens já não precisariam das religiões,doravante,ou dessas religiões, e que devessem apenas serem coisas do passado. Exceto a pessoal, que ele, o último Papa, tinha nata e naturalmente.Último Papa? Papa rebelde.Seria ele então o primeiro?

Grande Papa do paradoxo, rameletiano ator, renascerá certamente em glória, no sétimo dia, reabrindo a teologia da Libertação, de páginas tão belas e inadiáveis, libertando a pessoa para suas decisões pessoais e intransferíveis, fraterno e verão amor, capaz de nos acessar à célula-mater, intimamente, à íntima religião, ao íntimo amor.Qualquer amor.Um anti-Papa? Clássico Papa.

A Arte parece criar a vida e esta as cores, apagando as rudes tintas e fazendo da vida cor. Tudo vida. Por certo que a arte popular é a arte dos pobres, embora a arte contemporânea, ainda que seja para os ricos, não é a arte dos ricos. Paradoxos paradoxais.Amar a si e ao próximo.Tortas linhas tão sábias. Fora da Arte não há salvação.Ela, que a tudo redime e dá direção. Caminhos impensáveis, maquinações naturais, tudo movendo a Arte do mundo. Pobre mundo sem arte, onde a a Arte e a Cultura ainda permanecem fora do Primeiro Caderno, abrindo caminho para o valoroso Caderno do Espetáculo. Paulo Coelho.Nobre cruz, Papa da Arte, estranho cálice, o que fazer senão morrer? Morrer para espetacular, em caixão simples, simples caixão para uma cripta de santos. Script e espontaneidade. Ordeiro povo sofrido de poloneses, geração de idos,como nós, inocentados homens das cavernas, mulheres barradas no baile, tudo passa sobre a Terra, que a tudo engole.Impecável o povo.

Ou estaria eu mais uma vez enganado?

Pintor e Escritor

Oscar Araripe
Enviado por Oscar Araripe em 25/10/2005
Código do texto: T63371