Zizinha , minha vizinha

E´com grande pesar que soubemos do passamento de nossa amiga , mãe, avó, sogra de vocês e que tanto bem queríamos, amando-a por todos estes anos que convivemos, como vizinhos chegados, sem que nunca tivéssemos nenhum atrito, antes, muito nos alegrava a acolhida que desde o primeiro momento nos deu, e depois o grande carinho para com nossos gêmeos, Octávio e Victtoria, que a tinham verdadeiramente como avó. Zizinha foi nossa orientadora e amiga, nos introduzindo na cidade, em suas particularidades, enfim, amiga e avó de nossos filhos, sempre vamos nos lembrar dela como alguém muito especial, uma pessoa de grande bondade, tolerância e franqueza, um marco de caráter impoluto , pessoa de grande alegria, sempre pensando positivamente e fazendo o bem para todos. Várias vezes comentei com ela como uma pessoa que tinha tão pouco era capaz de ter sempre algo tão para dar, fosse dinheiro, comida, carinho, fruta, couve, mudas, a todos que a procuravam – e que não eram poucos.Foram muitas as fases que convivemos.Lembro-me como ela gostava de conversar com a Tunica, como tinha sempre um ramo de flores de seu jardim para embelezar a nossa galeria, uma fruta – Sinto ainda o gosto dos pêssegos, das laranjas, das abóboras, mandiocas e do nomes das flores, tão lindos e pessoais, e de como trocávamos mudas, o tempo todo. Ela adorava o tomate italiano que lhe dei as sementes, uma flor amarelinha que virou uma trepadeira enorme.Que pessoa boa essa nossa Zizinha. Jamais nos esqueceremos a alegria, bagunça mesmo de seus almoços e tardes de domingo com a família, suas roscas de amendoim, seus suspiros com casca de limão, e seu rosto sorridente sempre que nos encontrávamos nas nossas janelas. Seu amor pelo Senhor Bom Jesus, pelo Senhor dos Passos, sua integridade temperada com ingênua mas viva sensualidade, grande sanfona que amava seu marido como ninguém e que o venerava como um deus, que certamente foi.São muitas, tantas boas lembranças. Estamos todos pedindo ainda mais felicidade para ela, esta mulher tão feliz e rara, que entrou no céu junto com o pontífice de sua amada religião. Sábia mulher, que tinha o mundo ao alcance de sua mão e que de tão grande ficará para sempre na nossa memória, viva, sorridente, feliz, ao lado de todos nós.

Uma rosa para Zizinha.

Oscar e Cidinha Araripe

Porto Seguro, 6 de abril de 2005.

Oscar Araripe
Enviado por Oscar Araripe em 25/10/2005
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