SEU FILHO NÃO É VOCÊ!

É comum os pais acharem que sabem o que é melhor para seus filhos. Assim, muitos projetam neles sonhos e desejos que eram deles (pais), mas que por algum motivo, razão ou circunstância não se realizou. Um pai ou uma mãe, por exemplo, que sonhavam em ser médicos, advogados ou engenheiros, e não conseguiram pelos mais diversos motivos, tem em seus filhos a esperança daquilo que não conseguiram. Um exemplo clássico e bastante em moda hoje em dia é em relação ao pai que frustado por não ter sido jogador de futebol, investe tudo que pode no filho mesmo percebendo que o menino não leva o menor jeito para tal esporte. Isso sem falar daqueles que trabalham de "sol a sol" para poder dar do bom e do melhor para eles (normalmente em termos materiais) sobre alegação de que já que não tiveram na infância farão de tudo para que seus filhos tenham (particularmente não concordo muito com isso, mas cada um cada um). No colégio onde trabalho de aproximadamente 3200 alunos, certeza que 95% deles são de classe média alta. Os outros 5% são filhos de funcionários. Destes, há um aluno cujo o pai é segurança noturno. Tal garoto que irei omitir o nome verdadeiro, está no 8° ano do fundamental II. Negro, alto, tímido e de fala mansa, "Antônio" pouca ou para ser bem precioso nenhuma amizade tem. Nos intervalos, por exemplo, costuma ficar sozinho nas escadas de emergência lendo segundo ele às matérias escolares. De vez enquanto pergunto: "Antônio, não vai descer para o intervalo? Não, tio. Como meu lanche aqui mesmo." Ah, tá. Mas então desce para ficar com os amigos. Tio, não tenho amigos aqui. Aliás, não gosto daqui. Gostava mesmo era onde estudava (periferia), antes de entrar aqui. Por que não volta para lá, pergunto novamente eu? Meus pais não deixam. Finaliza normalmente dando-me as costas. Infelizmente há muitos pais que acham que sabem tudo dos filhos. Coloca no futebol e o menino gosta de judô. Põe a menina no balé, mas ela gosta de vôlei. Matrícula a "pobre" criança de cinco anos no inglês, só que o que ela quer mesmo é apenas brincar. É um grande erro colocar espectativas nossas em nossos filhos. Nem tudo que achamos ser o melhor para eles de fato o é. Por mais boa intenção que tenhamos, o que deve prevalecer a, meu ver, é a vontade deles. Logicamente que uma vontade alinhada ao bom senso, a honestidade, etc. Porque nossos filhos não são cópias idênticas nossas. Eles são únicos. Há coisas que agradam a nós, mas não a eles. Que gostaríamos de ser, porém, eles nem sem querer. Enfim, "deixe seus filhos" ter seus próprios sonhos e objetivos. Suas decepções ou desejos passados não podem ser colocados sobre eles.

Danilo D
Enviado por Danilo D em 07/08/2018
Código do texto: T6412376
Classificação de conteúdo: seguro