ATÉISMO DA METAMORFOSE.

Turma, fechem os olhos e peçam para Deus colocar na carteira de vcs um pacote de balas, pede a professora na escola. Agora, abram e vejam se apareceu. Sim? Não, responde a turma. Novamente, fechem os olhos por dois minutos e peçam para o pai Stálin *(ditador comunista da antiga União Soviética)* Abram. Pronto: o pacote de balas estava lá". Certa vez ouvi esta história. Cresce o número daqueles que não mais acreditam em Deus ou em nada que seja transcendente. Lembro-me de um dia ter escutado de um aluno de 11 anos em um colégio de freiras que eu trabalhava que ele era ateu. Curioso, perguntei: *Se vc não crê em Deus em que crê? Não soube responder*. O ateísmo nos moldes que conhecemos hoje não é um fenômeno antigo se comparado com o início da humanidade. Ele deve ter entre 300 ou 500 anos de existência. Antes, dificilmente uma pessoa duvidava da existência de uma força, Deus, deuses, etc, que estivesse para além da materialidade. Ainda que as crenças fossem das mais diversas e estranhas possíveis, como, por exemplo, o *deus chuva, ar, fogo, sol,* elas acreditavam em alguma coisa que estivesse além daquilo que os olhos poderiam ver. Foi a partir do *movimento iluminista* que tomou conta da Europa em meandros dos anos 1600 a 1800, que o ateísmo passou a ganhar força e voz. Reforçado ainda mais pela onda crescente da revolução industrial, científica e tecnológica, hoje, o ceticismo passa a ser defendido por muitos intelectuais. Tal movimento em seu início tinha como premissa a quebra da obscuridade provocada pela igreja medieval que aliada aos Estados (reinos), mantinha-se no poder ditando regras, pois, segundo eles isso era ordem divina, e, portanto, quem ousasse ser contrário automaticamente estaria se rebelando contra o próprio Deus *(alguma semelhança com muitos dos nossos padres, pastores, apóstolos, bispos ou semi deuses dos dias atuais*?). Os filósofos iluministas, talvez, não tivessem a princípio a intenção de criar o ateísmo e nem mesmo duvidar da existência de alguma divindade. A intenção primeira era elevar o racionalismo para além da crença (na verdade seus reais interesses eram em termos comerciais), fazendo com que a razão superasse a fé que para eles à época cegava as pessoas. Provavelmente isso tenha sido o grande estopim para *"a religião ateísta*" deslanchar. Sim, embora os ateus insistem em dizer que o ateísmo não é uma religião e que eles não possuem fé, não a como negar que tal movimento é sim uma religião (ainda que implícita) com regras e conjunto de crenças. Veja: Para negar qualquer coisa precisamos afirmar outras. Estas outras no caso seria o que daria a sustenção daquilo que nego, portanto, conjunto de crenças. Quando o ateu diz que não crê em Deus tal negação provavelmente esteja alicerçada em alguma filosofia, ideologia, na ciência ou na tecnologia. Impossível negar isso. Se coloco, por exemplo, minha existência totalmente em alguma coisa, esta coisa é o que me dá sentido de vida. Por isso, a pergunta certa que se deve fazer não é se Deus existe ou não. Mas sim em qual "Deus" deve-se acreditar para existir? Vamos supor que o Deus bíblico não existe (digo Deus bíblico porque o incomodo dos ateus normalmente é sempre mais contra ele). Então, imaginemos que assim como prega o *naturalismo filosófico* que diz que o cosmos é tudo o que existe, o *reducionismo filosófico* que reduz a vida humana a um conj de moléculas e nada mais, *cientismo* que ensina que fora das comprovações empíricas da ciência nada pode ser provado e conhecido e, do próprio *ateísmo* que fala que às religiões, Deus ou os deuses são invenções humanas que serviram apenas para o desenvolvimento social, mas, que hoje, só fazem o mal, fico a me perguntar: Se de fato não somos nada além de seres em evolução, conj de moléculas, acidentes cósmicos ou invenções religiosas, qual o sentido de existência humana? Por que deveríamos, por exemplo, nos preocupar com justiça social, ética, respeito, solidariedade e paz? Por que deveríamos amar nossos pais, cônjuges, filhos e irmãos? Se não existe um ser que transcende a matéria e não julga os atos humanos sejam eles bons ou ruins, que diferença faz em ser um político ladrão e um honestíssimo cidadão? Afinal: a morte é o fim. Ah, mas ser honesto, justo e bom faz a sociedade funcionar melhor, poderia dizer um ateu pragmático. Oras, e seu dissesse que *se dane a sociedade*, pois o que importa sou eu, poderia ele me criticar? Se eu dissesse que estou pouco me lixando para uma criança passando fome, uma menina sendo estuprada ou um mendigo sendo queimado, quem poderia tais atitudes recriminar? Por que beijar, abraçar e dizer que amo minha filha se não passo de uma reação química? Se somos apenas *metamorfoses ambulantes*, atos de bondade não se justificam e de maldade não se "injustificam". certo? Enfim, com todo o respeito que uma pessoa ateísta merece ter, afinal, a maioria são pessoas do bem, mas, perdidas no além, rs, o *ateísmo pirrotonico* daquele tipo *niilista*, não leva a nenhum fim. E como li certa vez de um próprio ateu: *Se Deus (ou deuses) é uma invenção humana, foi a melhor que já existiu*, pois, praticamente todas as culturas de todos os tempos e povos se desenvolveram justamente por causa das religiões. Sendo assim, é preciso ter mais fé para não crer do que o inverso

Danilo D
Enviado por Danilo D em 02/10/2018
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