A tia Ana e Eu

Depois das cinco horas a tia Ana estava em pé para fazer o nosso café e leva-lo á rede de cada um de nós. Após o café tomado a gente procurava fazer alguma coisa e ninguém ficava parado durante o dia todo. A tia Josefa a primeira coisa a fazer era rezar o seu ofício e eu ia buscar as vacas da tia Marica para o meu primo Agostinho tirar o leite e separar os bezerros ou a garrotada solteira. Das nove horas em diante eu ia para a escola de dona Liquinha Ferreira e só voltava depois da onze horas em ponto. A tia Marica a única coisa a fazer era a sua renda ou uma vez ou outra ler algum livro de sua preferência. Em nossa casa quem mais lutava era tia Ana Rosa porque ela criava animais e não deixava nenhum passar fome ou entrar no cercado alheio. Esta nossa tia era o varão do nosso lar porque todo problema ela resolvia sem nenhum queixume. Um dia e outro não eu ia com ela ao rio Jaguaribe buscar comer para suas ovelhas, suas cabras ou ramas de batata para os bezerros das vacas leiteiras. O meu transporte era o jumento trigueiro do tio José ou a burra cardã do meu pai. A criação da tia Ana era sempre muito gorda porque ela tinha enorme cuidado em zelar seus animais como nenhuma outra pessoa. Entre os meus doze ou quinze anos era este o meu divertimento ir ao rio Jaguaribe e tomar banho naquelas águas límpidas e violentas. O nosso jumento trigueiro, o rio Jaguaribe e a tia Ana rosa ficaram na minha lembrança para sempre.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 22/03/2019
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