Conhecer Deus na fé e na liberdade

A sabedoria é uma realidade superior a nossa mente, e nada pode existir acima dessa realidade, dado que, essa sabedoria é maior que nós, então existe algo maior que ela, pois este algo foi quem á criou, relata S. Agostinho Ser Deus o criador, o Pai da sabedoria: “Recorda aquilo em que cremos conforme o ensino sagrado de Cristo, que existe o Pai da Sabedoria (Deus).” E por ser Deus o Pai da sabedoria, todo o saber e conhecimento vem Dele. Deus é a perfeição, então a sabedoria é também perfeita, logo Deus e a sabedoria são iguais: “ Lembra-te desta outra doutrina pertencente também á nossa fé: que a Sabedoria gerada pelo Pai eterno lhe é perfeitamente iguais... Deus, pois, existe!”, a sabedoria de Deus nos é dada pela graça divina.

Percebemos que essa ideia de perfeição, influência a Modernidade, no pensamento cartesiano, Descartes também vai explicar a perfeição, a cerca da existência de Deus: “Deus por definição, é o Ser Perfeitissimo, ao Ser perfeitissimo, não pode faltar nenhuma perfeição. Ora, a existência é uma perfeição, pois vem do Criador que é Deus. Portanto, O Ser Perfeitissimo, é Deus e tudo que vem Dele é perfeito. Logo Deus existe”. S. Agostinho afirma ser Deus o Sumo Bem, onde existe Nele a fonte da beatitude, o Supremo Bem. Essa verdade adquirimos através de nossa fé inabalável, mas só chegamos a ela com o auxilio da razão, o homem só chega ao conhecimento de Deus “ quando volta para si mesmo, pois o conhecimento habita no homem interior”, mencionando então o pensamento platônico no qual “Somente através da busca do conhecimento, num processo de recordação, de reminiscência o homem pode lembrar-se das idéias que um dia contemplou. O impalpável só pode ser contemplada pela inteligência (razão), que é o seu interior, sua alma. Lembra também a frase de Sócrates “conhece-ti a ti mesmo”.

Em acordo com esse principio S. Agostinho não busca achar respostas de duvidas filosóficas duma realidade externa, como fez Aristóteles, mas uma compreensão do mundo interior da mente. O insensato (ignorante) poderá conhecer a sabedoria?, essa questão de S. Agostinho remete a obra do Proslogio de S. Anselmo no argumento Ontológico, “Deus é o Ser do qual não se pode pensar nada maior”, Deus existe na mente, na inteligência, se existe na inteligência, então também deve existe na realidade, o homem possui a sabedoria pois Deus habita dentro dele.

Os números revelam o tão grande conhecimento na harmoniosa evolução do universo, vemos a influência do pensamento pitagórico, onde os números tem uma conexão com o mundo. O universo criado de forma ordenada e harmoniosa, leva-nos a compreender que os números são os fundamentos primordiais que nos une a Mente Criadora, que guiam ate o Número eterno, e reflete em nós a Sabedoria do Criador.

Todas as coisas são dependentes do Ser Superior, com isso, ele refere-se a duas doutrinas: a primeira é o exemplarismo doutrina que estabelece modelos exemplares, tudo que existe em nosso mundo não é nada mais do que uma cópia, ou seja, são sombras de realidades exemplares, e a segunda, é teoria da iluminação, trata-se de uma exemplaridade feita pelo espírito que tem em Si, pensa e tem o conhecimento da verdade. Implica uma participação divina que transcende as nossas capacidades naturais, por sermos inferiores.

Santo Agostinho argumenta demonstrando a prova da existência de Deus, que tudo foi Criado e provém a partir Dele e que o livre arbítrio é um bem, pois procede de Deus. Se o livre arbítrio é um dom dado por Deus, e em Deus não pode haver imperfeição, logo o livre arbítrio não pode proceder de um mal, pois estar vinculado ao Bem Supremo e Perfeito, que é Deus.