A NOVA TRINDADE BRASILEIRA

Demétrio Sena - Magé

Religiosas ou não, as pessoas de bom caráter que eu conheço não dependem de nominatas, dogmas ou clãs. Elas são quem são e pronto. Tenho interagido bastante com amigos e amigas evangélicos, inclusive pastores, a exemplo do Nilceu Bastos e do Edmilson Teotonio; do meu querido ex-aluno Ed Wilson e o amigo Joao Rodrigues, que não são pastores, mas também são evangélicos, além de outros e outras com quem interajo menos e cujos nomes não sei se posso igualmente citar, em razão do assunto... pessoas admiráveis, nas quais confio plenamente, e posso dizer que teriam o mesmo caráter se não tivessem religião. Talvez fumassem, tivessem outros hábitos menos saudáveis para si mesmos, mas o caráter continuaria inabalável. Eles teriam a mesma firmeza de propósitos, o mesmo amor ao próximo, a honestidade, o bom senso e visão de mundo e vida que têm.

Posso dizer, no entanto, que as religiões estão inchadas de mau caratismo. Não apenas as cristãs, que são as mais afetadas; mas em algum gênero e grau, todas elas. O que ocorre, de forma tão acirrada, vertiginosa e livre, é que os meios religiosos viraram esconderijos perfeitos de quem procura fachada para o mau caratismo e a bandidagem. E como as igrejas evangélicas, especialmente, vêm se tornando cada vez mais pop, mais voltadas para o poder político e socioeconômico, as orações e os louvores ganharam muito volume, populismo e apelação, enquanto a vigilância espiritual caiu em desgraça. As massas que frequentam essas ditas agências do reino repetem, como não seria diferente, a natureza das multidões de todos os tempos... aquela que optou por Barrabás e exigiu a crucificação de Cristo; as multidões que apedrejaram pessoas em praça pública e quase o fizeram a Maria Madalena... multidões que seguiram Cristo e outros líderes, não por fé, mas por curiosidade, busca de poder pessoal, esconderijo, espionagem, malícia, status... qualquer status; do maior ao mais insignificante... nem que fosse para propor pequenas desonestidades e disparar aquela máxima: "Pode confiar em mim; eu sou um servo (ou serva) de Deus".

No país em que vivo, os praticantes da religião ou do cristianismo real... não das multidões... não da busca de poder e popularidade; não dessa farsa que se utiliza de sua fachada ou nominata para eleger politicos que o empoderam e qualificam para protagonizar inquisições, perseguições e ditaduras, estão isolados: sejam eles, fiéis ou líderes. Estão cercados por uma massa raivosa, opressora e fanática... e o fanatismo, senhores; não é nem pela Bíblia, seus ensinamentos, muito menos o alvo central de suas escritutas. Os religiosos ou cristãos pop que abarrotam os templos destes tempos, estão fanáticos por um homem perverso, mal, truculento, preconceituoso, inquisidor, mentiroso e corrupto. Esse monstro, sua prole e seus ministros são o pai, o filho e o espirito santo desse povo sem chão, mas que se julga o dono absoluto do céu.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 27/08/2020
Código do texto: T7047539
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