AS PEDRAS DOS NOSSOS CAMINHOS

Costumamos dizer que todos os caminhos vão dar a algum lugar. A expectativa é de que esses caminhos nos levem onde está a felicidade. Sou um apaixonado por caminhos. Sempre gostei de trilhar caminhos mas, principalmente os desconhecidos para mim e embora os caminhos não sejam todos iguais, todos tem algo em comum: a expectativa de após a curva que se desenha mais além, nos contemple com alguma coisa digna de admiração.

Mas foram os caminhos da minha infância que me marcaram definitivamente. Por esses caminhos infantes rasguei horizontes e, em cada passo dado desvendei segredos que se aninhavam timidamente fosse junto a uma flor do campo, ou lá no alto de uma árvore onde pequeninos bicos esperavam o alimento de seus pais; no tagarelar da água de uma fonte que brotava de alguma rocha sob a sombra de um salgueiro à espera de uns lábios sequiosos, para depois poder seguir adiante no seu destino benfazejo de matar a sede às plantas que se debruçavam sobre o leito por onde corria fagueira.

Seguindo a lógica todo o caminho leva a algum lugar, uns são planos, macios, outros com curvas sinuosas e outros com pedras a dificultar a caminhada. Há quem construa castelos com as pedras do seu caminho outros porém procuram se desviar das suas pedras, outros ainda, arremessam as mesmas para longe.

Por instinto, acho que mais por mania, quando eu era pequeno chutava ou arremessava as pedras para longe que encontrasse no caminho, e isso intrigava às pessoas que, talvez lá no seu íntimo as levasse a pensar que eu era um maníaco o que talvez não estariam muito longe da verdade. Cada qual com suas manias e, quem as não tem?

Eu que sempre procurei construir alguma coisa, mas a verdade é, de que fui mais um construtor de utopias. As pedras pequenas de quando era pequeno eu as arremessava para longe, as outras, as taludas, com que fui me defrontando ao correr dos anos essas nem à custa de muita força consegui dar-lhe o mesmo destino, são as pedras que se transformaram em penas com que fui construindo o meu edifício da vida, pena sobre pedra, pedra sobre pena. Aos construtores de castelos delegamos a tarefa de fazerem suas moradas, eu cá por mim prefiro meus castelos onde suas ameias sejam a liberdade do horizonte insondável, sem limites, e as catapultas deem asas ao sonho e que se torne realidade e possam alavancar a paz universal.

E.A.F.

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 26/12/2020
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