MACACOS ME MORDAM !
 
Campeão em levar porradas sou pós graduado na universidade da vida e especialista em dar a volta por cima, sonhos no fio da navalha, cicatrizes tatuadas na pele da memória, o sangue ferve na veia e a viola vira clava.

E na luta que se trava entre o tudo e o quase nada ou entre o nada e o quase tudo, ora eu grito, ora eu mudo o destino e a direção, mas quase sempre conservo o bom senso e a razão.

Mas é preciso paciência e pra tudo há um limite e já disse a voz da ciência que não tem pó, erva ou rebite, não tem barriga me dói, nem de cá aquela palha, que alivie essa barra.

Brisa, vento, ventania, tempestade ou temporal, se o azul do céu anuvia tire a roupa do varal, tire o cavalo da chuva coloque os sonhos de molho, longe o vento faz a curva, meu caminho eu mesmo escolho.

Jogar o jogo é preciso evite as cartas marcadas, quem na vida não se arrisca não está livre do risco, viver é correr perigo, de amor não há confisco, jamais entregue os pontos, raio, trovão e corisco são coisas da natureza, eu tenho quase certeza de que acho que não sei como evitar o revés e nadar na crista da onda na pororoca da tábua das marés.

A Terra anda apressada os dias estão mais curtos o ano vai passar voando, acharam água na Lua, e eu aqui no meu canto quero cantar mas não canto, pelo meio e pelo canto prevalece o desencanto, eu surfo na segunda onda com medo da nova cepa.

E no Grande Circo Planalto, palhaçada é o que não falta, vai tudo no vai da valsa, tudo num toque de flauta e os palhaços na plateia, eu, você e todos nós, quem vai desatar os nós de marinheiro da economia global, não vai ser o capitão que não domina o barco a deriva, e quer chegar em primeiro no pleito presidencial.

E assim caminha a humanidade, a impunidade, e os nobres trambiques das nobres excelências, para quem tem grana tem sentença favorável, fake ou fato, é deplorável, a justiça é cega e manca, não se pode contestar.

Nas esquinas do espaço dançam fora do compasso a pomba da paz de rapina e o cavalo marinho alado, vai demorar um bocado para tudo endireitar, povo nelore marcado, macacos me mordam tem gente batendo palmas pra ver maluco dançar! (O autor é poeta e compositor)