A Cruzada das Crianças e a Fé Cega

No período das Cruzadas quando os reinos cristãos da Europa tentavam recuperar a terra santa dos infiéis muçulmanos, muitas pessoas se dirigiram até Jerusalém com a intenção de reconquistar a cidade para os cristãos e outros viram como uma oportunidade para o enriquecimento por meio do comércio. Comandado geralmente por papas que determinavam quando iria uma nova leva de soldados para terra santa, muitos se sentiam na obrigação de ir retomar aquela cidade sagrada das mãos dos sarracenos, como também eram chamadas as pessoas que professavam a religião islâmica. Na maioria da visão dos homens comuns, viam essa retomada como um dever divino e como uma redenção de seus pecados. Essa mentalidade era o que imperava na Europa Medieval.

Aconteceram nove Cruzadas oficialmente entre os séculos XI e o XIII no período da Idade Média. E entre essas Cruzadas a mais marcante foi a Cruzada das Crianças onde a história se mistura em fatos e lendas. A Cruzada ocorreu em 1212 no qual condenou a vida de milhares de crianças. Ela ocorreu em dois momentos o primeiro foi conduzido por Nicolau um jovem pastor de 10 anos, conduziu um grupo através dos Alpes até a Itália. Cerca de 7.000 pessoas chegaram a Gênova. No entanto como havia sido prometido pelo o jovem pastor anteriormente as águas do Mediterrâneo se abriram para a passagem das crianças até Jerusalém, algo que não aconteceu durante a passagem das crianças. De lá eles partiram de barcos até Alexandria sendo atingidos por grandes tempestades causando a mortes de muitos desse grupo. Os sobreviventes dos naufrágios também não tiveram a mesma sorte pois muitos deles foram vendidos como escravos pelos mercadores dos navios, sendo condenados a uma vida de escravidão.

O segundo movimento foi conduzido por Estevão, que segundos cronistas da época, foi até Saint Denis, na França, para entregar uma carta ao rei Felipe Augusto. Estevão havia recebido a visita de Jesus Cristo e fora por ele incumbido de organizar uma expedição até Jerusalém e expulsar os muçulmanos da Terra Sagrada. Esta expedição deveria ser formada apenas por crianças, por serem puras de coração e livres de pecado, as únicas que conseguiram expulsar os infiéis muçulmanos. Tendo conseguido atrair uma multidão de 30.000 seguidores. Se dirigindo também até o Mediterrâneo, Estevão ordenou que o mar se abrisse, porém sem sucesso sua história terminou. Dois mercadores se ofereceram para levar Estevão (e mais dois mil jovens que o acompanhavam) até Jerusalém, de navio. Em julho de 1212, embarcaram em sete navios e nunca mais se teve notícia deles.

Depois do destino de milhares de crianças de serem mortas e condenadas a escravidão com a ilusão fanática de que elas poderiam reconquistar a Terra Santa. Vemos o quanto os mitos que rodeia a religião podem ser usados para iludir milhares de pessoas. A fé cega impede de os homens verem a realidade com clareza e se submetem a inverdades fantasiosas arriscando a sua própria vida. A Cruzada das Crianças é o exemplo de como o interesse de uma instituição como a Igreja condenou a vida de milhares de crianças, jovens, homens e mulheres numa empreitada onde homens lutavam contra homens por causa de uma religião diferente, sacrificando a vida de milhões por ideologias sacramentadas. Somente quando a raça humana se unir com uma única espécie não fazendo mais distinção de raça, cor, credo ou classe social é que iremos evoluir como indivíduos de uma mesma espécie. A ideologia de achar que o meu Deus é melhor que o dos outros é uma falácia enorme que corrompe a mente das pessoas. As pessoas deveriam cultuar a sabedoria humana, as virtudes para que um dia alcancemos uma razão esclarecedora.

Davi Freitas - 24/09/2021

Fontes:

1 - https://www.historiadomundo.com.br/idade-media/a-cruzada-das-criancas-.htm

2- https://pt.wikipedia.org/wiki/Cruzada_das_Crian%C3%A7as

Kaynne
Enviado por Kaynne em 24/09/2021
Reeditado em 05/07/2022
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