Politiké

Refletida desde os primeiros esforços intelectuais do homem até hoje, a política se faz cada vez mais necessária para nortear a vida na sociedade. Sem ela voltaríamos ao estado de natureza; estado este que, segundo Thomas Hobbes, é o estado de guerra de todos contra todos, onde a vida seria solitária, difícil, penosa, quase animal e curta. Não haveria, pois, garantias da integridade do indivíduo.

Por este motivo, sintetiza Comte-Sponville, existe a necessidade da política. Isto e´, para que os conflitos de interesse se resolvam sem ser pela violência, para que as forças se conjuguem ao invés de se oporem, enfim: para escapar do medo, da guerra, da barbárie.

Para que a política se realize ela deve estar fundamentada em algum tipo de poder. Poder este, que é legitimado de várias maneiras pela sociedade: monarquia, aristocracia, democracia, etc. Só a instituição do poder, porem´ não é o suficiente para gerir os conflitos das alianças e das relações de força de todos os cidadãos. Neste sentido, a política tem como papel fundamental a gestão não violenta destes conflitos, ela não é, na ideia de Sponville, o reino da moral, do dever, do amor. É, pois, o reino das relações de força e de opinião, dos interesses e dos conflitos de interesses.

A política não é uma forma de altruísmo, ela é um egoísmo inteligente e socializado. Esta ideia já foi descortinada no livro “O príncipe” quando Maquiavel rompe com a ideia do Ethos na Polis contrariando os utopianos de seu tempo dizendo que o homem é movido por interesse pessoal e não pelo bem comum.

É, contudo, pertinaz que haja uma forma de regulação do interesse pessoal, pois se assim não for a sociedade caminhará no limiar do seu estado natural. Esta regulação se faz pelo processo político que visa garantir um mínimo de equidade. Contudo, esta equidade só será alcançada quando todo o indivíduo tiver a possibilidade de ter voz política. Quando este indivíduo, além de participar com sua voz, possa construir e lutar pelo seu interesse. Nas palavras de Comte Sponville:

“A história não é um destino, nem somente aquilo que nos faz. Ela é o que nós, em conjunto, fazemos daquilo que nos faz, e isso é a política em si mesma”.