FERIDAS DO PRECONCEITO RACIAL EM CARNE VIVA

Se não estavam totalmente cicatrizadas, as feridas da discriminação racial no Brasil apresentavam bons sinais de melhora. Entretanto, o Ministério da Educação defende projetos que podem gerar discussões, e somente o tempo dirá se representam o caminho das pedras ou dos espinhos.

A política de cotas anunciada pelo ministro Tarso Genro durante o Fórum Mundial de Educação em São Paulo que, se aprovada, obrigará as universidades públicas e privadas a reservar 20% das vagas a alunos negros, é a prova de um retrocesso histórico, numa época em que medidas deveriam ser tomadas pensando nas igualdades sociais. E igualdade não é favorecer uma ou outra classe, mas garantir as mesmas oportunidades, direitos e obrigações.

Os negros vêm sendo discriminados desde que chegaram em navios negreiros e, pela dignidade da raça, merecem muito mais do que vagas asseguradas nas universidades. Não adianta o governo querer reparar os sofrimentos a que foram submetidos no passado com medidas como a que o ministro defende.

Emprego e ensino fundamental adequado é direito de todo cidadão e dever do Estado. Se a dívida fosse paga, não seriam necessárias políticas de cotas para ingresso no ensino superior. Afinal, brancos, negros ou amarelos teriam as mesmas condições de disputa. Só assim seria reparado um erro cometido num período “negro” da história, que tanto envergonha a humanidade. Mas tenho dúvidas se envergonha também o governo.

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José Donizetti Morbidelli
Enviado por José Donizetti Morbidelli em 16/12/2005
Reeditado em 30/10/2009
Código do texto: T86584
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