NAMORO - UMA QUASE BOMBA NUCLEAR

NAMORADOS – Uma bomba quase nuclear!

Eu te amo!

Estas três palavras bastam para que qualquer imaginação se torne repleta de dúvidas, formule teorias e abrigue acasos. O verbo, o sujeito e o pronome mais velhos do mundo, que destroem mentes, constroem corpos.

Aparentemente uma inocente frase, porém a mais ameaçadora de todas elas. Os fatos se duplicam em horrores quando as mesmas surgem de súbito entre um beijo e uma carícia naquela conturbada relação, inovadora-clássica-chata-prisionaeira, chamada namoro. É nele que o mundo devia estar preocupado. Têm gente passando fome, têm gente morrendo de amor. Têm gente fazendo guerras, têm gente brigando pelo amor de alguém. Se algum dia for criado o ministério dos sentimentos, o primeiro fato a ser levantado será a falta de amor, a ausência de namorados. O mesmo contra o povo, mas comprovado pela ciência (mesmo sem lógica, ma sendo comprovado pela ciência todos aceitam) o namoro seria uma ação muito estudada, seria como uma outra vida, e os namorados reconhecidos como uma nova espécie de animal racional. Em 50% dos casos, nem tão racionais assim, pois quem namora não anda, voa. Quem namora não dorme, repousa em mantas de sonho. Quem namora não come, se alimenta de ansiedade. Quem namora não acorda, desperta para um novo dia repleto de sentido destinado ao seu ser. Quem namora não respira, toma fôlego. E assim vive de sentimentos até que aconteça uma das futuras maiores frustrações do futuro código do ministérios dos sentimentos: o fim do namoro.

Então tudo vira desgraça. A experiência não mais se concretiza, se tornam receosos os próximos á semelhança de qualquer ato que possa ser mortal. Volta-se acordar, a dormir, andar, alimentar-se, enfim, a viver. Não chegue perto, pois é nessa fase que esta espécie se torna o ser de mais alta periculosidade da via láctea, poucas coisas resistem a sua fúria, é uma completa explosão de tudo que é tratado como bom e ruim. É confuso, triste, irritado e altamente nocivo. Vários hábitos ficam para trás: a balada no sábado a noite, o passeio no domingo a tarde, as conversas durante a madrugada na varanda, as flores, os toques, a música, o pedaço de vida e sobre tudo as palavras. Quem irá dizê-las? Quem constituirá o tempo? Quem reconstruirá o mundo? Palavras ditas tão do profundo ego, e de uma intensidade imensa, estas o vento não leva, nem as lágrimas, então expostas sem o mínimo aforo. Então é tudo simplesmente, ou complexamente... Saudades, ou “Graças a Deus”, dependendo do grau de amor. A solidão padece, tão cheia de si e frágil. Namorar é tudo uma questão de opostos, de miscigenações, de adaptações, de ilusões. Querem destruir o mundo? Coloquem no poder os mais loucos amantes, e nada restará a não ser história. O universo inteiro namora, só que estão descobrindo aos pouquinhos. Todos amam e nunca é cedo ou tarde... Porque não há tempo, apenas sentido e sentimento.

Douglas Tedesco – 10 de junho de 2005.

Douglas Tedesco
Enviado por Douglas Tedesco em 06/03/2008
Código do texto: T889883