DENGUE: MAIS UMA DOENÇA SOCIAL

Pode-se dizer com propriedade que a dengue, hoje, é uma doença essencialmente social. Onde há educação, consciência, bom senso, auto-estima e noções de cidadania, menor o índice. Onde é maior a ignorância; mais acirrada a falta de consciência; onde a auto-estima está em baixa os índices crescem a cada temporada.

É inaceitável perceber que ainda existem pessoas que não acreditam na importância de colaborar para o bem estar geral. “De que adianta eu fazer sozinho?”, pensam milhares de pessoas que adoecem, vêem os seus adoecendo (às vezes morrendo), adoecem a comunidade e prosseguem colaborando entre si, e em silêncio, para o caos que se instala nos dias quentes e chuvosos do verão.

Não é uma questão de “fazer o trabalho” do governo, do prefeito nem do presidente da república. É questão pessoal, antes mesmo de uma causa coletiva, pois se cada um fizer por si próprio e pelos seus, as coisas poderão ficar melhores, e a doença poderá ser contida, quem sabe até erradicada, como foi um dia a malária, que parece retornar ao convívio com a sociedade.

É tão simples não acumular água em potes, poças, pequenos objetos, pneus, cacos de vidro em muros, bastando pequenos cuidados e observações! Também é tão simples cobrir caixas d´água, piscinas e outros recipientes maiores! O que é complicado é o governo ter que investir grande parte do tesouro nacional em publicidade que visa conscientizar a população, a exemplo do que faz nas campanhas para a paz no trânsito, a contenção da AIDS e outras DST.

Há muito recurso oficial que poderia ser utilizado em ações concretas contra a pobreza, a falta de escolas e de professores, e para a geração de empregos, entre outros benefícios, que descem pelo ralo, quase sem efeito algum, numa tentativa de abrir os olhos do povo para questões de saúde pública.

Evidentemente, a oficialidade deixa a desejar, e muito, no tocante a suas obrigações de prover as comunidades de serviços básicos de saneamento, calçamento, asfaltamento e combate a epidemias. É claro que sim. Vemos comunidades carentes de tudo, convivendo com valas a céu aberto, rios que nunca são dragados, ratos e outros roedores e uma infinidade de insetos. Mas que o cidadão está acomodado, entregue à sua preguiça de agir em benefício próprio e de sua comunidade também é público e notório. Não há como negar.

Eis a nossa maior doença: A falta de educação, de consciência, de amor próprio, de amor ao próximo (até aos bem próximos, mesmo, que vivem sob o mesmo teto) e ao lugar onde vivemos. Estamos copiando os políticos que dizemos que “não estão nem aí para nós”. Eles não estão, porque nós próprios não estamos. Nossas atitudes (ou a falta delas) comprovam isso.

Por essa fraqueza, um mosquito está nocauteando a sociedade brasileira. Ninguém está podendo com um inseto que seria vencido facilmente se todos nos uníssemos na decisão de querer viver melhor. Sem sobressaltos. Afinal, somos pessoas, cidadãos, e não insetos. Os insetos são eles, os... Os insetos.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 20/03/2008
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