DA LAMA AO CAOS

DA LAMA AO CAOS, DO CAOS A LAMA

Um homem roubado nunca se engana

Sylvio Neto

“Entre a característica dos seiscentos milhões de chineses destaca-se o fato de estarem na pobreza e “em branco”. Aparentemente isso é uma coisa má, mas na realidade é uma coisa boa. A pobreza provoca o desejo de mudança de ação e revolução, e, numa folha de papel “em branco”, é possível pintar os mais frescos e belos caracteres, os mais belos e frescos quadros.”

“Apresentação de uma cooperativa” (15 de abril de 1958) – MÃO TSE-TUNG, O LIVRO VERMELHO

Após viver por muitos anos sob a tutela institucional do Município de Nova Iguaçu, Belford Roxo, após intensa campanha sai vitorioso de um plebiscito que o torna Município. Senhor de si, com os cofres cheios, elege um dos líderes do processo de emancipação, o vereador por Nova Iguaçu, Jorge Júlio da Costa, para seu primeiro mandato.

Dono de um estilo próprio, Joca, irá imprimir nos cidadãos da nova cidade e também em seus funcionários públicos, uma auto estima até antes ainda não vista.

Visita o ilustre prefeito de Curitiba, Sr. Jaime Lernner, e de lá traz uma de suas marcas de governo, “onde houver uma lixeira faremos uma praça”.

Suas ações e atitudes de caráter violento e explosivo, que muito lembravam o que vivera fazendo por quase toda a vida anterior a política, fizeram com que os funcionários públicos municipais, os cidadãos, o comércio, as empresas de transporte e o trânsito conduzissem-se de forma organizada a espera do progresso necessário prometido e esperado.

O estilo, as realizações e a morte prematura por assassinato antes do término do governo, tornaram-no um mito. Seu enterro lembrava o de um grande mártir ou artista, com velório em praça pública e ampla exploração emocional do fato. Tal processo conduziria Belford Roxo a uma imensa , tortuosa, violenta e complicada substituição.

Tamanha exploração emocional, conduziu ao trono da Prefeitura Municipal de Belford Roxo, a Sra. Maria Lúcia, viúva do falecido Joca. Seu governo, teve uma grande marca, imposta pelo Deputado Estadual Paulo Ramos, que fora um concurso fraudulento, a que a justiça fez jus em caçar e que esta mesma atendendo a recursos , promessas e rezas suspendeu por força de um mandato de segurança, que ainda anda sub-júdice.

O peso de uma Aristocracia ao estilo dos antigos donos de grandes hectares de mandioca de linhagem nobre ocupa o governo, criando uma oligarquia do terror, que dá direito a perseguições, morte de vereadores da oposição e um sem número de incompetentes e escandalosas fraudes. Com a faca e o queijo na mão e ainda colhendo os frutos do poder emocional que ainda irradiava do mito criado pelo governo anterior, o governo Maria Lúcia consegue perder-se e cai em desaprovação por grande parte de seu eleitorado.

Da lama que espirrava do governo Joca, apesar do processo de urbanização empreendido, quer seja no centro ou quer seja na periferia do Município , chegou-se ao caos com as irregularidades do governo Maria Lúcia.

Da lama ao caos

Confiante de sua reeleição, Maria Lúcia vai a luta em milionária campanha, que conta com a inesperada concorrência de Waldir Zito, ilustre desconhecido e irmão do então prefeito de Duque de Caxias Zito, mito vivo, dono de estilo semelhante ao de Joca, que aliás é da mesma escola de truculência política, violência institucional, realizações imediatistas e do famoso e velho populismo a la homem da capa preta .(estudo excelente sobre o assunto pode ser encontrado no livro Dos Barões ao Extermínio, do Professor Doutor José Carlos). Dona da razão que é, a verdade e a justiça conduziram o oponente Waldir Zito, a prefeitura de Belford Roxo, que desde então passa a ser um Município dividido entre a franquia Zito (Dique de Caxias) e os remanescentes da Oligarquia Maria Lúcia, ainda instalados via concurso fraudulento no serviço público e também por seus serviçais instalados em seus bunker’s na Câmara de Vereadores.

Coincidência ou não nos primeiros dias de governo, a famosa liminar da justiça, atendendo ao processo impetrado pelo Sr.Paulo Ramos, então deputado estadual, demite um grande volume de funcionários públicos, empossados via processo de seleção fraudulento, muito divulgado pela imprensa na época. O que irá gerar nos familiares e amigos dos funcionários grande comoção e revolta. Ainda hoje, poucas pessoas sabem que o processo foi iniciado por Paulo Ramos. Acusado de estrangeiro, Waldir Zito terá ainda outras derrotas, essas vindas da casa legislativa.

Inexperiente, burro, cachaceiro como é acusado ou verdadeiramente tão incompetente quanto sua assessoría e secretariado (escolhidos pelo irmão Zito)., Waldir irá até o fim de seu governo comer na mão dos vereadores e fazer uma das piores administrações que se possa imaginar, levando Belford Roxo ao caos, - Ops!! !!! - No caos já estava....

Das várias acusações e títulos a que tem direito, esse que se elegera prefeito, deve dividi-los com a cúpula de governo tanto quanto com os guardiões da democracia e habitantes da casa do povo que é a Câmara de Vereadores. Fazendo isso fará jus ao grupo que com ele tornaram Belford Roxo um lixo Talvez a maior culpa desse processo de destruição do Município tenha origem na ausência da devida fiscalização por parte dos vereadores dos atos de governo como também do processo de ingovernabilidade e extorsão a que entregaram o Município

Do caos a lama

Da lama ao caos do caos a lama

Como é comum nesses casos a população começou a arrepender-se da fatídica escolha do estrangeiro. Será que a verdade é mesmo a senhora da razão e da justiça? Ou a verdade ainda estaria por vir?

A gente toda, ou quase toda, deste Município de quase seiscentos mil habitantes ainda não sabe ou finge não saber que o processo foi iniciado por Paulo Ramos. Parece impossível a compreensão dos homens e mulheres comuns de Belford Roxo que um vereador pode causar estragos, dois vereadores muito mais e que a maioria, trava, para, torna inoperante todo um governo, principalmente quando este realmente é inexperiente, inoperante e desarticulado nos formatos político, econômico, social e jurídico.

Acorda Belford Roxo

Com a poesia e a música

Que dormiu

Nas portas trancadas

De seu comércio

Que não reage

Que não inventa

E não se organiza

Neste processo de lavagem de lama e caos, observamos a criação de um novo processo cultural em detrimento do que anteriormente vigorava por aqui. O povo com o moral baixo, entrega-se a um sentimento de discórdia, rebeldia e violência totalmente desorganizados. Os núcleos de organização que antes eram atuantes e ouvidos, desarticulam-se , os núcleos de resistência cultural instalados nos mais diversos ambientes e estruturas físicas, representados pelas mais diversas correntes de estrutura social, coniventes com o processo corromperam-se e diluíram-se, fragmentando um processo de luta e resistência cultural, talvez secular, iniciada nos antigos mocambos instalados em diversos pontos da Baixada Fluminense, principalmente ao longo dos diversos rios até então navegáveis e hoje assoreados.

Acorda Belford Roxo para se desorganizar

Acorda Belford Roxo para se reorganizar

Para cobrar

O que é teu de direito

Para exigir com um grito no peito

Que o poder daqui tem jeito

Enquanto o mundo Belford Roxo se transforma e deforma, a estrovenga gira em todo o mundo, a Europa abraça-se aos ideais de direita e extrema direita, até a França, antigo bastião do pensamento ideológico de esquerda e alinhada aos governos do vértice social democrata se rende.

Os Estados Unido trocam o democrata Clinton e todo crescimento social e industrial por ele alicerçado pelo filho do grande satã George Bush, numa eleição no mínimo fraudulenta. Este, gastando as reservas duramente conquistadas avança com ou sem a aprovação da OTAN e de parte da Europa sobre o Afeganistão, Iraque e quase da Coréia do Norte, retira-se das discussões e descumpre o protocolo de Quioto, espanca , mata e tortura árabes descendentes, espanca, humilha e mata iraquianos presos em suas dependências.

RESPONSÓRIO GREGORIANO

Os deuses senhores/ Estão na Terra/ Entre nós apertados

O Olimpo majestoso/ Desceu dos céus mitológicos

Irromperam antológicos formatos/ E dogmas

Corromperam filantrópicas/ Ações e carismas

E fundaram/ O império do horror/ Senhores do sim e do não/ Mestres do Universo

O coração/ Fugiu do peito/ E célere como o vento

Inexorável como o tempo/ Bate a seu próprio tom

E bel prazer/ Castiga – sendo pedra/ Anima – sendo lâmina

Socorre – sendo pão

O cérebro assumiu o dia/ E riu da noite

Contente com o horror das vias/ Ilhas de sangue

Entre os holofotes gigantes Da irracionalidade pagã

E da irresponsabilidade cristã/ Que assumem o risco

Contra a impiedade vilã/ Dos cantos obscuros

(...)

Lula chega lá finalmente, após 20 anos de lutas e esperas a presidência do Brasil, com um racha tortuoso no PT, que já não mais ruge tanto quanto antes. Alô galera, o mundo mudou. A globalização quer ver dentes brancos e um sorriso Colgate, Kollinos sei lá, não importa, mas de cara feia o risco Brasil enverga de pesado.

Com o mundo mudado, de rostos pasmos e olhos esbugalhados os cidadãos belforroxenses vão as urnas, e com os bolsos cheios com os R$ 25,00 de caixinha da boca de urna, elegem uma Câmara de Vereadores , onde a maioria é a situação, o governo que novamente está na mão de Maria Lúcia, sua corja, cúpula e oligarquia e também do ilustre porco chamado Garotinho e de sua fada madrinha Rosinha Matheus, pode enfim cantar os versos de Chico Science.

DA LAMA AO CAOS DO CAOS A LAMA – um homem roubado nunca se engana

“Quem dera pudesse ela espantar os insetos. E fazer com a força gigante – crescerem os lírios a beira da fonte, com água limpa e o céu azul. Num jardim cheiroso regado por bons homens”

Sylvio Neto
Enviado por Sylvio Neto em 04/04/2005
Código do texto: T9712