Dois Chicos: o Cândido e o Mendes

Dois Francisco, dois Chicos. Um Cândido o outro Mendes. Duas almas engajadas no progresso humano. Um cuidava da mata o outro da alma. Um Chico acreano o outro mineiro. Ambos perseguidos, mas corajosos. O Cândido ultrapassou os noventa, o Mendes nem chegou aos cinqüenta.

O Mendes casou com Ilzamar, o Cândido com o mundo.

O Mendes deixou dois filhos biológicos, o Cândido mais de quatrocentos filhos literários. O Cândido tentaram assassinar, o Mendes conseguiram. Finda-se o corpo, jamais as idéias. Calaram o verbo do Mendes, mas não seus objetivos.

Tentaram apagar as palavras do Cândido, tudo em vão.

Dois poetas do bem, duas vozes edificantes, uma ecoava em Minas Gerais a outra nas Florestas Tropicais.

Eram dois Francisco, dois Chicos brasileiros.

Simples gigantes. Simples no vestir, gigantes no agir.

Eram Chicos com problemas, assim como os Silvas, Almeidas, Souzas... Mas eram dois Chicos valentes.

Um amava a natureza, o outro conversava com ela.

Eram dois Chicos normais, mas não comuns.

Dois Chicos que iam além do senso comum, suas mensagens rasgavam continentes, explodindo e despertando criaturas. Enquanto muitos dormiam no fétido berço esplêndido da indiferença, os dois Chicos iam, cada um a sua maneira, sacudindo, convocando, não apenas com palavras, livros e discursos, mas, sobretudo, com exemplos, arriscando não raro a própria vida e a integridade física dos seus para plantarem a semente do bem. Eram dois Chicos, dois semeadores, não obstante ao esforço do Cândido a leitura no Brasil ainda não está na moda, não obstante a doação da própria vida do Mendes, o desmatamento ainda existe nas florestas brasileiras. Beira os 20% o que foi desmatado de nossa Amazônia. Oxalá possamos trocar nosso nome para Chico, quem sabe assim não acordamos...

Imagino a revolução de uma pátria de Franciscos... Chicos na engenharia, tecnologia, medicina, pesquisa... Chicos na indústria, Chicos no Congresso, no Senado, Chicos nas escolas, Chicos nas academias... E quem sabe, nunca é demais sonhar, um Chico na Presidência da República. Uma pátria de Franciscos, idealistas, solidários, fraternos, amigos... Amantes da natureza, apaixonados pelos livros... Ah, uma pátria de Franciscos, assim como os dois adoráveis Chicos brasileiros, o Mendes e o Cândido...

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 13/05/2008
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