Poetnia

Publicado por: Raul Rodrigues
Data: 02/11/2006

Créditos

Uma reflexão sobre a origem da poesia brasileira e uma homenagem a Gregório de Mattos, o Boca do Inferno.

Poetnia

(Homenagem a Gregório de Mattos)

Porto de Belém, Portugal, português.

Achamento.

Índios nus.

Luz. Reluz!

Mas não é ouro...

Tem pau. Muito pau.

Brasil... Nasceu!

Foi além. Cresceu!

Veio além. Viveu. Viveu!

Viveu e veio, viveu e vem,

viveu e vai...

E gera pau e gera pedra

e gera cana e gera gente;

E gera pau e gera pedra

e gera ouro e gera gente.

E vem gente.

Mais gente.

Gente?

Diferente...

Negro e negra.

Mais pau. Pau p'rá toda obra.

Mais pau. Pau p'rá trabalhar.

Negrinha de Nhonhô.

Açúcar queimado na Boca do Inferno

verde louro, amarelo ouro,

azul anil e negro.

E índio. E branco,

mulato, mameluco,

crioulo, cafuzo

e a todos acuso

do sentir poesia.

Por herdarem a felicidade,

a dor, o amor,

a alegria e a saudade

dos céus e dos mares,

das tribunas e dos bares

do berço da pátria,

a formosa Bahia.