Prosopopéia Sertaneja

Prosopopéia Sertaneja

A quem possa perceber,

Sou vinho, nisso...

De morais, duvidosas!

Sou supra-sumo, que prova e aprova...

Qual sacerdócio, aquela constatação...

De um céu estrelado...

Em alguma constelação

No mais sou rima rica

Na natureza farmácia

Do padeiro que o pão amassa

Com toda dedicação

Sou fermento e insumo

Sou foguete que vai pra lua

Na bica criança nua

Da chuva relampo e trovão

Sou serrote, pé de serra!

Um velho dançando xote...

Xaxado, coco e baião...

A promessa nunca cumprida

Trabalhador sem ter lida

Que lidando, com a pobreza...

É rico sem ter riqueza

Mata a fome sem ter o pão...

Sou afoito, cosôte em cacimba!

Água fresca no moringa

Vara verde que enverga...

... Mais não quebra

Cego que escutando enxerga...

...Sem precisar de visão

Do carpir sou a enxada

Lavrando da vida a carga

Em rima açoite e gibão

E no mais sou rapadura

Guardada na farinha

Levada no matulão

Que apesar de doce é dura

Pois a vida num é mole não!!!