CARTAS AO AMOR

CARTAS AO AMOR

Carta ao amor nº 1:

Meu amor, daqui o inverno partiu e um tímido corisco de sol, amorna a folha em branco, dando-lhe um ar irresistível; o lápis, mesmo sem saber, desliza macio, de uma palavra a outra, acompanhado de um olhar saudoso. Não perguntarei quando voltas, tampouco te atormentarei com lamúrias, do contrário, te envio em poucas linhas o que há de bom por aqui. O perfume das ervas verdecidas, o colorido das sempre-vivas e, daí, se fizer silêncio, ouvirás no compasso das entrelinhas, a melodia do canário que, hoje, volta ao seu ninho.

Gustavo Schramm



Resposta ao amor n° 1


Meu amor, ouço teu ritmo paciente no compasso das entrelinhas mesclado à melodia do canário que se avizinha. O inverno não quer partir destas paragens e o corisco de sol que amorna a folha, há muito partiu daqui, no teu encalço, aquecido pelo aconchego deste colo. Acredita que é involuntária a demora. Se são saudades os lamentos com que não me queres atormentar, saiba que aqui vivem tantas e moram comigo. Vou calar o que me causam, juntar-me às sempre vivas, espraiar-me no perfume das ervas verdecidas e se fizeres silêncio ouvirás o coração retumbando um compasso interminável: sau-dade, sau-dade, sau-dade, sau-dade, ...

Sônia Prazeres