Um encontro qualquer dia desses

Qualquer dia desses, como hoje,

Quando se cruzarem nossos olhos,

O coração baterá mais forte

E talvez até nos tremam as pernas

Somente por nos encontrarmos

Absolutamente calados... a nos fitarmos.

Tantas palavras passarão por nossas cabeças

Numa explosão colossal de pensamentos eclodindo,

Mas morrerão tristes aquelas que não fugiram

Nos lábios ressecados, secos, vazios...

A lágrima, aflita, rolará

Sem saber o porquê de tanta dor...

Se a dor já não doía, não mais ardia

Como queimara um dia...

Talvez nas faces um tímido beijo estalemos

E temerosos nos distanciemos em seguida...

Ou ainda no abraço nos demoremos

Contendo os lamentos em silêncio

Enquanto regressam saudosas lembranças enfastiadas.

Provavelmente me perguntará se ando bem

Apesar de minha tristeza nítida*

E depois de um breve silêncio direi baixo

Como envergonhado*

Que sigo adiante, talvez até feliz...

Brotará uma flor em seu rosto meigo

E me responderá que também “sim”.

Saberemos tão logo da mentira

Logo se confirme estampada

A verdade límpida, transparente e cristalina...

E nem mesmo a face desviando

Querendo omitir o que dói, machuca e arde,

Poderemos admitir a falta sufocante — que não mais existe —

Logo acenaremos, sem novos estalos, sem nenhum contato

Continuaremos nossos opostos passos calados

Afastando-nos sem voltar as retinas

Sem olhar para trás... caminharemos

Para o nunca mais!