TIRANDO UMA CASQUINHA!

Estava eu a descascar batatinhas,e me lembrei da algo que, já distante, ocorreu na minha infância, ocasião em que queria aprender a cozinhar.

A cozinha me fascinava, e minha mãe me dizia que uma boa cozinheira se reconhece pelo picar das cebolas e pelo descascar das batatas.

Mas havia algo frustrante, e acho que minha mãe jamais desconfiou do que aqui me proporia a contar.

Eu tinha um propósito: Convencer minha mãe de que a casca da minha batatinha era fina suficiente para agrada-la.

Nunca consegui tal intento!

-Menina, me dê essa faca, você só desperdiça as batatinhas, tira as cascas grossas demais!

E minha missão continuava, cada vez mais árdua!

Lembro-me dum dia, que caprichei tanto... fiquei tão contente comigo, porque tinha a certeza de que, daquela vez, as minhas casquinhas eram as mais finas do mundo!

-Olhe mãe, desta vez consegui!

Bobagem, pois frente à habilidade da mamãe, eu continuava a ser uma casca grossa!

Jamais me preocupei com as cebolas...porque me faziam chorar, e ao menos eu tinha uma boa desculpa!

Mas as batatas me faziam chorar de outra maneira, pois nunca conseguia o reconhecimento tão sonhado.

E acreditem, as tais casquinhas me perseguem até hoje.

Estou aqui a olhá-las, e acredito que cheguei a perfeição!

Mas como comentam os psiquiatras, mães, são para sempre, e eu por conseguinte, mesmo que o mundo inteiro elogie as minhas batatinhas,serei uma eterna casca grossa, e jamais saberei “tirar uma casquinha”.