(E já o ouço por aqui...)

I

Cante, cante...sabiá

Cante aqui, cante acolá!

Nas manhãs de primavera,

P’ra saudade aliviar!

II

Cante próximo ao seu ninho,

P’ro meu verso decantar!

Cante como um passarinho,

Que nasceu ...só pra cantar!

III

Cante pelas madrugadas...

Do meu sono, ao despertar

Cante a linda alvorada...

Que espera o sol chegar!

IV

Cante também pela noite

A canção p’ra me ninar,

Cante sempre de mansinho...

Passarinho, é pra cantar!

V

Cante todo o desengano...

Dum inverno a lamentar!

Cante também o engano

Do meu canto a ecoar!

VI

Cante a vida pelas matas!

Cante às flores dos ipês!

Que se abriram espevitadas,

Só para ouvir...você!

VII

Cante o canto que ao longe...

Sempre o ouço entoar

Cante logo alí...aonde,

Há meu canto a te buscar!

VIII

Cante...cumpre o seu destino!

De enfeitar essa estação,

Cante! -faça-me esse carinho

Me devolva a emoção...

IX

De ouvir sua natureza

Sempre pronta a enfeitar,

Você é a realeza...

O mais belo a entoar...

X

Notas raras afinadas,

Que encantam a primavera,

E ao longe...ecoadas,

São a cor da minha tela!

XI

Cante ave encantada!

Sua voz é melodia...

E na hora abençoada...,

Cante a bela AVE MARIA!

XII

Cante nem que for num canto,

Do recanto...a se esconder,

Cante todo o seu espanto

Jamais deixe de viver!

XIII

Cante aqui ...cante acolá...

É dever dum Sabiá!

Não há canto de encanto,

Mais feliz pra me alegrar...