Redonde: Eros e Thanatus
Autoria e declamação: Francisco de Assis Góis
Poema: Campo de Flores
Autoria: Carlos Drummond de Andrade
Declamação: Francisco de Assis Góis
Fundo musical:
Toselli's Serenade
Jubing Kristianto
Lendo o poema “CAMPO DE FLORES”do poeta Drummond, me atrevi a fazer uma síntese do mesmo no *redonde “EROS E THANATUS”. Omiti alguns pontos e vírgulas nos últimos cinco versos, deixando ao leitor a liberdade de pontua-lo de acordo com o “eu lírico” de cada um.
EROS E THANATUS
Sinto a flecha do cupido Por Thanatus disparada! Depois de desiludido Quando mais nada esperava, Sinto de novo o amor... Se morrer, será sem dor Envolto em doce libido Nos braços de minha amada Sinto a flecha do cupido Por Thanatus disparada (Francisco de Assis Góis)
CAMPO DE FLORES
Deus me deu um amor no tempo de madureza, quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme. Deus – ou foi talvez o Diabo – deu-me este amor maduro, e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor.
Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos e outros acrescento aos que amor já criou. Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou.
Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia e cansado de mim julgava que era o mundo um vácuo atormentado, um sistema de erros. Amanhecem de novo as antigas manhãs que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.
Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra imensa e contraída como letra no muro e só hoje presente. Deus me deu um amor porque o mereci. De tantos que já tive ou tiveram em mim, o sumo se espremeu para fazer um vinho ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo.
E o tempo que levou uma rosa indecisa a tirar sua cor dessas chamas extintas era o tempo mais justo. Era tempo de terra. Onde não há jardim, as flores nascem de um secreto investimento em formas improváveis.
Hoje tenho um amor e me faço espaçoso para arrecadar as alfaias de muitos amantes desgovernados, no mundo, ou triunfantes, e ao vê-los amorosos e transidos em torno, o sagrado terror converto em jubilação.
Seu grão de angústia amor já me oferece na mão esquerda. Enquanto a outra acaricia os cabelos e a voz e o passo e a arquitetura e o mistério que além faz os seres preciosos à visão extasiada.
Mas, porque me tocou um amor crepuscular, há que amar diferente. De uma grave paciência ladrilhar minhas mãos. E talvez a ironia tenha dilacerado a melhor doação. Há que amar e calar. Para fora do tempo arrasto meus despojos e estou vivo na luz que baixa e me confunde. (Carlos Drummond de Andrade)
*REDONDE: Estilo poético criado por Francisco de Assis Góis. Teoria literária completa do redonde e suas variações no link: https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/7124216
Logo será publicado as declamações dos poemas na página de audio.
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Sinto-me grato e honrado com a linda interação em redonde da poetisa Esther Lessa.
VIVER E NÃO MORRER DE AMOR
JUSTAMENTE OH, FRANCISCO! PELO QUE DISSE DRUMMOND DELE O POEMA CONFISCO DANDO A ELE O MEU TOM IMPROVÁVEIS NASCEM AS FLORES SOMOS NÓS COMPOSITORES AGARRAR O AMOR ARISCO POR ELE MANTER O SOM JUSTAMENTE ,OH, FRANCISCO! PELO QUE DISSE DRUMMOND (Esther Lessa)
Sinto-me grato e honrado com belíssima interação do poeta Miguel Jacó.
Deus me deu um amor tardio Me debochou ou foi omisso Quando não tinha mais viço Ele antão me contemplou Eu coletei outras flores Mas nem uma com este aroma Os contornos desta dona Me remetem ao meu início Deus me deu um amor tardio Me debochou ou foi omisso (Miguel jacó)
Sinto-me grato e honrado com o magnífico comentário e interpretação da poetisa e escritora Iolandinha Pinheiro.
A flecha do cupido, sim, mas disparada por Thanatus, que representa a morte. Interessante visão que considera o amor como uma espécie de morte. A morte do Eu para se transformar em nós. A morte do ser sozinho para o ser casal, o ser duplo, finalmente completo na experiência do amor que vive, que o reviveu da solidão. Muito bonito, profundo e filosófico. Adoro mitologia então estar lendo seus versos com este tema tem sido um enorme deleite. (Iolandinha Pinheiro)
Sinto-me grato e honrado com belíssima interação do poeta Jacó Filho.
AMOR PRA MIM É ARTE
O cupido troca flecha E amor pra mim é arte, Só na poesia vi brecha, Pra da vida, fazer parte. Por meio século tentando, Só vi o tempo passando. Percebendo que tropeça, Por mais que ele tentasse, O cupido troca flecha E amor pra mim é arte, (Jacó Filho)
Francisco de Assis Góis e Carlos Drummond de Andrade
Enviado por Francisco de Assis Góis em 03/01/2021
Reeditado em 14/01/2021
Código do texto: T7150616
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