Caminho sem pressa, sem mapa, sem fé,
num mundo que gira e não sabe por quê.
Sou vulto na bruma, na rua, no vão,
sem rosto, sem rastro, sem direção.
As gentes me passam — promessas, ruídos —
sou parte esquecida dos passos perdidos.
Assisto à esperança em vitrines fechadas,
e a dor escondida em risadas caladas.
Há dias que chove por dentro do peito,
e a alma se arrasta num chão sem respeito.
A cidade me engole, me esquece, me empurra,
sou folha que voa, sou nó que não se surras.*
Não busco respostas, tampouco atalhos,
a vida me leva por becos e galhos.
E se me perguntares de onde ou por quê,
sou transeunte de mundo qualquer.
Giovanni Pelluzzi